quinta-feira, agosto 03, 2006

Eu quero ser, Senhor amado, como o barro nas mãos do oleiro!


Livro de Jeremias 18,1-6.

Palavra que o Senhor dirigiu a Jeremias, nestes termos: «Vai e desce à casa do oleiro, e ali escutarás a minha palavra.» Fui, então, à casa do oleiro, e encontrei-o a trabalhar ao torno. Quando o vaso que estava a modelar não lhe saía bem, retomava o barro com as mãos e fazia outro, como bem lhe parecia. Então, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: «Casa de Israel, não poderei fazer de vós o que faz este oleiro? Como o barro nas suas mãos, assim sois vós nas minhas, casa de Israel –oráculo do Senhor.

Livro de Salmos 146,1-6.

Louva, ó minha alma, o SENHOR!
Hei-de louvar o SENHOR, enquanto viver; enquanto existir, hei-de cantar hinos ao meu Deus.
Não ponhais a vossa confiança nos poderosos, nem nos homens, pois eles não podem salvar.
Mal deixam de respirar, regressam ao pó da terra; nesse mesmo dia acabam os seus projectos.
Feliz de quem tem por auxílio o Deus de Jacob, de quem põe a sua esperança no SENHOR, seu Deus.
Ele criou os céus, a terra e o mar e tudo o que neles existe.


Evangelho segundo S. Mateus 13,47-53.

«O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que ela se enche, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e escolhem os bons para as canastras, e os ruins, deitam-nos fora. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, para os lançarem na fornalha ardente: ali haverá choro e ranger de dentes.» «Compreendestes tudo isto?» «Sim» responderam eles. Jesus disse-lhes, então: «Por isso, todo o doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro.» Depois de terminar estas parábolas, Jesus partiu dali.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja
Sobre a fé e as obras, cap. 3-5




Imitar a paciência do Senhor


Nosso Senhor foi um modelo incomparável de paciência; suportou um “demónio” entre os seus discípulos (Jo 6, 70), até à sua paixão; e disse: “Deixai um e outro crescer juntamente, até à ceifa; não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo” (Mt 13, 29-30); para figurar a Igreja, previu que a rede trouxesse sempre – isto é, até ao fim do mundo – para a margem todo o tipo de peixes, bons e maus. E fez conhecer de muitas maneiras, fosse abertamente, fosse em parábolas, que haveria mistura de bons e de maus. E, contudo, declara que é necessário velar pela disciplina na Igreja quando afirma: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele repreeende-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão” (Mt 18, 15).

Hoje em dia, porém, encontramos homens que apenas consideram os preceitos rigorosos, que mandam reprimir os perturbadores, não dar “as coisas santas aos cães” (Mt 7, 6), tratar como os publicanos aqueles que desprezam a Igreja (Mt 18, 17), cortar do corpo o membro escandaloso (Mt 5, 30). O zelo intempestivo destas pessoas perturba de tal maneira a Igreja, que gostariam de arrancar a cizânia antes do tempo, e a sua cegueira faz deles inimigos da unidade de Jesus Cristo. […]

Evitemos deixar entrar no nosso coração estes pensamentos presunçosos, procurar separar-nos dos pecadores, a fim de não nos mancharmos pelo contacto com eles, querer formar como que um rebanho de discípulos puros e santos; mais não faríamos do que romper a unidade, sob pretexto de não prestar atenção aos maus. Pelo contrário, recordemos as parábolas da Escritura, as suas palavras inspiradas, os seus exemplos admiráveis, por meio dos quais se nos mostra que, na Igreja, os maus estarão sempre misturados com os bons, até ao fim do mundo e ao dia do juízo, sem que a sua participação nos sacramentos seja prejudicial aos bons, desde que estes não tenham participação nos seus pecados.