quinta-feira, maio 04, 2006

Palavra do Dia - Eu sou o pão da vida

Livro dos Actos dos Apóstolos 8,26-40.

O Anjo do Senhor falou a Filipe e disse-lhe: «Põe-te a caminho e dirige-te para o Sul, pela estrada que desce de Jerusalém para Gaza, a qual se encontra deserta.» Ele pôs-se a caminho e foi para lá. Ora, um etíope, eunuco e alto funcionário da rainha Candace, da Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém, regressava, na mesma altura, sentado no seu carro, a ler o profeta Isaías. O Espírito disse a Filipe: «Vai e acompanha aquele carro.» Filipe, acorrendo, ouviu o etíope a ler o profeta Isaías e perguntou-lhe: «Compreendes, verdadeiramente, o que estás a ler?» Respondeu ele: «E como poderei compreender, sem alguém que me oriente?» E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto dele. A passagem da Escritura que ele estava a ler era a seguinte: Como ovelha levada ao matadouro, e como cordeiro sem voz diante daquele que o tosquia, assim Ele não abre a sua boca. Na humilhação se consumou o seu julgamento, e quem poderá contar a sua geração? Da face da terra foi tirada a sua vida! Dirigindo-se a Filipe, o eunuco disse-lhe: «Peço-te que me digas: De quem fala o profeta? De si mesmo ou de outra pessoa?» Então, Filipe tomou a palavra e, partindo desta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Boa-Nova de Jesus. Pelo caminho fora, encontraram uma nascente de água, e o eunuco disse: «Está ali água! Que me impede de ser baptizado?» Filipe respondeu: «Se acreditas com todo o coração, isso é possível.» O eunuco respondeu: «Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.» E mandou parar o carro. Ambos desceram à água, Filipe e o eunuco, e Filipe baptizou-o. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe e o eunuco não o viu mais, seguindo o seu caminho cheio de alegria. Filipe encontrou-se em Azoto e, partindo dali, foi anunciando a Boa-Nova a todas as cidades, até que chegou a Cesareia.

Livro de Salmos 66,8-9.16-17.20.

Bendizei, ó povos, o nosso Deus, fazei ressoar a voz do seu louvor.
Foi Ele quem salvou a nossa vida e não permitiu que os nossos pés resvalassem.
Vinde e ouvi, todos os que temeis a Deus; vou narrar-vos o que Ele fez por mim.
Por Ele gritou a minha boca e o seu louvor andava já na minha língua.
Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem me retirou a sua misericórdia.



Evangelho segundo S. João 6,44-51.

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em Deus: esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), carmelita, doutora da Igreja
Vida, cap.12




«Eles serão intruídos pelo próprio Deus»


Quando é Deus que suspende e pára o entendimento, Ele dá-lhe o que admirar e de que se ocupar; então, sem raciocinar, recebemos, no espaço de um Credo, mais luz do que poderíamos adquirir em muitos anos com todo o esforço do mundo. Mas querer ligar os poderes da nossa alma e parar a sua actividade, por nós próprios, é uma loucura...
Durante muitos anos, li muitas coisas sem as compreender. Em seguida, passei um tempo considerável sem conseguir encontrar termos para explicar as graças que Deus me concedia, o que constituiu para mim a fonte de muitas penas. Mas quando agrada a Sua Majestade, ela ensina tudo num instante, e de uma forma que me deixa estupefacta. Esta é uma coisa que posso afirmar com toda a verdade. Muitos homens espirituais com quem dialogava procuraram explicar-me os dons que Deus fazia à sua alma, esperando ajudar-me assim a dar-me conta deles. A minha estupidez tornou todos os seus esforços inteiramente inúteis. Talvez que Nosso Senhor o quisesse assim, para ter sozinho todos os direitos ao meu renascimento. Com efeito, foi sempre Ele o meu mestre. Bendito Seja! Mas também, que confusão para mim que uma tal confissão seja a expressão da verdade!... Foi pois sem que eu o tenha desejado ou pedido, que Deus me iluminou num instante e me pôs em estado de o exprimir. Os meus confessores ficaram surpreendidos, e eu mais ainda, porque conhecia melhor a minha incapacidade... Sim, redigo-o agora, é muito importante não elevarmos o nosso espírito antes que Deus o eleve. E quando Ele o faz, compreendemo-lo imediatamente.