quinta-feira, agosto 17, 2006

Perdoar ao seu irmão do íntimo do coração

Música do dia:

Perdoa-me Senhor

Perdoa-me Senhor
Às vezes esqueço que dai olhas por nós
E não me lembro de parar e ouvir-te a voz
Ando num mundo em que não sinto
Em que me escondo e em que minto
Fico menor

Ajuda-me senhor
A ver a esperança quando á volta tudo é dor
A ganhar força e a voltar a acreditar
Eu já perdi a confiança
Já não sou mais uma criança
Não sei sonhar

Perdoa-me senhor
Por fechar a minha mão sem a estender
Por não lembrar que devo dar sem receber
E em vez de sim Te digo não
Por isso peço o teu perdão
Senhor


Comentário ao Evangelho do dia feito por :

. João Crisóstomo (c.345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre S. Mateus, nº 61


«Tem paciência para comigo»


Cristo pede-nos portanto duas coisas: condenar os nossos pecados e perdoar os dos outros, fazer a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria. E perdoar não só de boca, mas do fundo do coração, para não virar contra nós próprios o ferro com que julgamos atingir os outros. Que mal pode fazer-te o teu inimigo, que seja comparável ao que tu fazes a ti próprio com a tua aspereza?

Considera pois quantas vantagens retiras duma injúria humildemente sofrida e com doçura. Tu mereces assim, em primeiro lugar - e é o mais importante – o perdão dos teus pecados. Exercitas-te, depois, na paciência e na coragem. Em terceiro lugar, adquires a doçura e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe causaram desgosto, será ainda muito mais caridoso para com aqueles que o amam. Em quarto lugar, desenraízas inteiramente a cólera do teu coração, o que é um bem sem igual. Aquele que liberta a sua alma da cólera, desembaraça-a também, evidentemente, da triteza: não gastará a sua vida em desgostos e vãs inquietudes. Assim, punimo-nos a nós mesmos ao odiarmos os outros; fazemos bem a nós mesmos ao amá-los. Desse modo todos te venerarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam demónios. Melhor ainda, não terás mais inimigos, comportando-te assim.




Evangelho segundo S. Mateus 18,21-35.19,1.

Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens, a fim de pagar a dívida. O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’ Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!’ O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei.’ Mas ele não concordou e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto lhe devia. Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor. O senhor mandou-o, então, chamar e disse-lhe: 'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque assim mo suplicaste; não devias também ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti?’ E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração.» Quando acabou de dizer estas palavras, Jesus partiu da Galileia e veio para a região da Judeia, na outra margem do Jordão.

Da Bíblia Sagrada