segunda-feira, janeiro 23, 2006

Evangelho do Dia

Têm rezado pela unidade dos cristãos?

“O Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Portanto, os que não põem a sua esperança em Cristo, mas pensam que os demónios são expulsos pelo príncipe dos demónios, esses, diz Jesus, não pertencem a um reino eterno...
Assim que a fé é despedaçada, como pode subsistir o reino dividido?...
Se o reino da Igreja deve subsistir eternamente, é porque a sua fé é indivisível, o seu corpo único: “Há um único Senhor, uma única fé, um único baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua por meio de todos e Se encontra em todos”




Livro de 2º Samuel 5,1-7.10.

Todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Aqui nos tens: não somos nós da tua carne e do teu sangue? Tempos atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu quem dirigia as campanhas de Israel e o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel e serás o seu chefe.’» Vieram, pois, todos os anciãos de Israel ter com o rei a Hebron. David fez com eles uma aliança diante do Senhor, e eles sagraram-no rei de Israel. David tinha trinta anos quando começou a reinar e reinou quarenta anos: sete anos e seis meses sobre Judá, em Hebron, e trinta e três anos em Jerusalém, sobre todo o Israel e Judá. O rei marchou com os seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus, que habitavam aquela terra. Estes disseram a David: «Não entrarás aqui; serás repelido até por cegos e coxos.» Isto queria dizer: «Nunca entrarás aqui.» Contudo, David apoderou-se da fortaleza de Sião, que é a Cidade de David. Deste modo, David ia-se fortificando e o Senhor, Deus do universo, estava com ele.

Livro de Salmos 89,20-22.25-26.

Outrora declaraste, em visão, aos teus fiéis: «Impus o meu diadema a um herói; escolhi um eleito de entre o povo.
Encontrei David, meu servo, e ungi-o com óleo santo.
minha mão estará sempre com ele e o meu braço há-de torná-lo forte.
minha fidelidade e o meu amor estarão com ele; pelo meu nome crescerá o seu poder.
Estenderei o seu poder sobre os mares, e sobre os rios, o seu domínio.


Evangelho segundo S. Marcos 3,22-30.

E os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.» Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir. Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido e não poderá subsistir; é o seu fim. Ninguém consegue entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá saquear-lhe a casa. Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de pecado eterno.» Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito maligno.»
Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Santo Ambrósio (cerca 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja
Tratado sobre o Evangelho de S. Lucas


O seu reino é indivisível e eterno


“Todo o reino dividido contra si próprio corre para a ruína”. Como diziam que ele expulsava os demónios por Belzebu, príncipe dos demónios, ele queria, com estas palavras, mostrar que o seu reino é indivisível e eterno. Ele também respondeu a Pilatos: “O Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Portanto, os que não põem a sua esperança em Cristo, mas pensam que os demónios são expulsos pelo príncipe dos demónios, esses, diz Jesus, não pertencem a um reino eterno... Assim que a fé é despedaçada, como pode subsistir o reino dividido?... Se o reino da Igreja deve subsistir eternamente, é porque a sua fé é indivisível, o seu corpo único: “Há um único Senhor, uma única fé, um único baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua por meio de todos e Se encontra em todos” (Ef 4,5-6).

Que loucura sacrílega! Como o Filho de Deus tomou a nossa carne para esmagar os espíritos impuros e arrancar o espólio ao príncipe do mundo, como ele também deu aos homens o poder de destruir o espírito do mal, partilhando os despojos – o que é a marca do vencedor –, alguns chamam em sua ajuda o poder do diabo. E contudo, [como diz Lucas], é “o dedo de Deus” (cl 11,20) ou, como diz Mateus, “o Espírito de Deus” que expulsa os demónios. Compreendemos por isso que o Reino de Deus é indivisível como um corpo é indivisível uma vez que Cristo está à direita de Deus e que o Espírito parece ser comparável ao seu dedo.