segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Palavra do Dia

Evangelho segundo S. Marcos 10,17-27.

Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» Jesus disse: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.» Ele respondeu: «Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.» Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» Mas, ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens. Olhando em volta, Jesus disse aos discípulos: «Quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que têm riquezas!» Os discípulos ficaram espantados com as suas palavras. Mas Jesus prosseguiu: «Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.» Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode, então, salvar-se?» Fitando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Leão XIII, Papa de 1878 a 1903
Encíclica Rerum Novarum,20



"Segue-me!"


Que os deserdados da sorte aprendam da Igreja que, segundo o julgamento do próprio Deus, a pobreza não é um opróbrio e que não é preciso corar por se ter de ganhar o pão pelo trabalho. É o que Jesus Cristo Nosso Senhor confirmou pelo Seu exemplo, ele que «sendo tão rico, se fez pobre» para salvação de todos os homens (2 Cor 8,9). Ele, o Filho de Deus e ele próprio Deus, quis passar aos olhos do mundo pelo filho de um operário; foi ao ponto de consumir uma grande parte da sua vida num trabalho remunerado. «Não é este o carpinteiro, o filho de Maria? (Mc 6,3)
Quem tenha sob o olhar o modelo divino compreenderá que a verdadeira dignidade do homem e a sua excelência residem nos seus costumes, quer dizer na sua virtude; a virtude é o património comum dos mortais, ao alcance de todos, pequenos e grandes, pobres e ricos; só a virtudes e os méritos, onde quer que se encontrem, obterão a recompensa da beatitude eterna. Mais, é para as classes desafortunadas que o coração de Deus parece inclinar-se mais. Jesus Cristo chama aos pobres bem-aventurados (Lc 6, 20); Ele convida com amor todos aqueles que sofrem e que choram a virem a Ele, para os consolar (Mt 11, 28); Ele beija com uma caridade mais terna os pequenos e os oprimidos. Estas doutrinas são certamente bem feitas para humilhar a alma altiva do rico e o tornar mais compassivo, para elevar a coragem dos que sofrem e lhes inspirar confiança.