terça-feira, abril 11, 2006

Palavra do Dia - "Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!"

«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco (...) Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.»

Quantas vezes O negamos... Depois de dizer que O queremos seguir.





Livro de Isaías 49,1-6.

«Ouvi-me, habitantes das ilhas, prestai atenção, povos de longe. Quando ainda estava no ventre materno, o SENHOR chamou-me, quando ainda estava no seio da minha mãe, pronunciou o meu nome.
Fez da minha palavra uma espada afiada, escondeu-me na concha da sua mão. Fez da minha mensagem uma seta penetrante, guardou-me na sua aljava.
Disse-me: «Israel, tu és o meu servo, em ti serei glorificado.»
Eu dizia a mim mesmo: «Em vão me cansei, em vento e em nada gastei as minhas forças.» Porém, o meu direito está nas mãos do SENHOR, e no meu Deus a minha recompensa.
E agora o SENHOR declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacob, e para lhe congregar Israel. Assim me honrou o SENHOR. O meu Deus tornou-se a minha força.
Disse-me: «Não basta que sejas meu servo, só para restaurares as tribos de Jacob, e reunires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra.»


Livro de Salmos 71(70),1-6.15.17.

Em ti, SENHOR, me refugio, jamais serei confundido.
Pela tua justiça, livra-me e protege-me; inclina para mim os teus ouvidos e salva-me.
Sê a minha protecção e o refúgio onde me acolho. Tu prometeste salvar-me, pois és o meu rochedo e a minha fortaleza.
Meu Deus, livra-me das mãos do ímpio, das mãos do opressor e do violento.
Tu és a minha esperança, ó Senhor DEUS, e a minha confiança desde a juventude.
Em ti me apoio desde o seio materno, desde o ventre materno és o meu protector; és o objecto contínuo do meu louvor.
minha boca proclamará a tua justiça, e todo o dia anunciarei a tua salvação, sabendo bem que ela é inenarrável.
Instruíste-me, ó Deus, desde a minha juventude e até hoje anunciei sempre as tuas maravilhas.


Evangelho segundo S. João 13,21-33.36-38.

Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar!»
Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia.
Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito.
Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia.
Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?»
Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.»
Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera.
Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: 'Compra o que precisamos para a Festa', ou que desse alguma coisa aos pobres.
Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite.
Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus.
E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.»
«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir', também agora o digo a vós.
Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.»
Disse-lhe Pedro: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti!»
Replicou Jesus: «Darias a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!»

Da Bíblia Sagrada


Comentário ao Evangelho do dia feito por :
S. Máximo de Turim (? - carca de 420), bispo
Sermão 76



"Antes de o galo cantar, ter-me-ás negado três vezes"


Voltando-se, o Senhor fixa o olhar em Pedro. E Pedro, tomando consciência do que acaba de dizer, arrepende-se e chora...: funde em lágrimas e permanece mudo... (Lc 22,61-61) Sim, as lágrimas são orações mudas; merecem o perdão sem o reclamar; obtêm misericórdia sem defender a sua causa... As palavras podem não conseguir exprimir uma oração, as lágrimas nunca; as lágrimas exprimem sempre o que sentinmos, ao passo que as palavras podem ser impotentes. Eis porque Pedro já não recorre às palavras: as palavras tinham-no levado as trair, a pecar, a renegar a sua fé. Prefere confessar o seu pecado com lágrimas, ele que com palavras tinha renegado...
Imitemo-lo, contudo, no que diz quando o Senhor lhe pergunta três vezes: "Simão, amas-me?" (Jo 21,17) Por três vezes responde: "Senhor, tu sabes que te amo". O Senhor diz-lhe então: "Apascenta as minhas ovelhas", e isso por três vezes. Esta palavra compensa o seu desvario precedente; aquele que tinha três vezes renegado o Senhor, três vezes o confessa; por três vezes se tinha tornado culpado, por três vezes obtém a graça pelo seu amor. Vede pois que benefício tirou Pedro das suas lágrimas!... Antes de derramar lágrimas, era um traidor; tendo derramado lágrimas, foi escolhido como pastor: aquele que se tinha portado mal recebeu o encargo de conduzir os outros.