quinta-feira, junho 22, 2006

Seja feita a Vossa Vontade!

Evangelho segundo S. Mateus 6,7-15.

Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes.» «Rezai, pois, assim:'Pai nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino; faça-se a tua vontade, como no Céu, assim também na terra. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoa as nossas ofensas, como nós perdoámos a quem nos tem ofendido; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Mal.’ Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :


Santa Teresa de Ávila (1515-1582),
Carmelita, doutora da Igreja
O Caminho da Perfeição



«Quando rezardes, dizei: ‘Pai’» (Lc 11,2)


“Pai nosso que estais nos céus”. Ó meu Senhor, como se vê bem que és o Pai de um Filho assim, e como o teu Filho manifesta bem que é o Filho de um tal Pai! Bendito sejais para sempre! Não teria esta frase sido um grande favor, Senhor, se a tivesses colocado no fim desta oração? Ora, é desde o pricípio que a tua liberalidade é iluminada pelo dom de um tal benefício. O noso espírito deveria estar tão repleto dele, e a nossa vontade tão impregnada, que nos seria impossível pronunciar uma palavra. Ó minhas filhas, que este seja o lugar para vos falar da contemplação perfeita! Como seria justo que a alma entrasse no interior de si própria para se elevar acima de si mesma e aprender do Filho bendito, onde é esse lugar onde, segundo a palavra, se encontra o seu Pai que está nos céus! …

Ó Filho de Deus, doce mestre! Desde esta primeira palavra…, tu te humilhas ao ponto de unir os teus pedidos aos nossos… Não queres tu que o teu Pai nos olhe como seus filhos? … Dado que é nosso Pai, deve supotar-nos, apesar da gravidade das nossas ofensas. Ele deve perdoar-nos assim que retornarmos a ele como o filho pródigo. Ele deve consolar-nos nas nossas tribulações. Deve alimentar-nos, como é próprio de um tal Pai, porque ele é forçosamente melhor que todos os pais que há aqui na terra, uma vez que ele possui necessariamente toda a perfeição; e, mais do que tudo isto, deve tornar-nos participantes e co-herdeiros contigo, das suas riquezas …

Ó meu Jesus, bem vejo que falaste como um Filho querido e por ti e por nós… E vós, minhas filhas, não é então justo que agora, ao pronunciardes esta palavra: “Pai Nosso”, punhais nela toda a vossa atenção para a compreenderdes, e o vosso coração se parta ao ver um amor assim tão grande?