quarta-feira, junho 22, 2005

Bons Frutos

Quase Santos

Mateus 7,15-20.
«Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de
ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes.
Pelos seus frutos, os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos?
Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos.
A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má, dar bons frutos.
Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo.
Pelos frutos, pois, os conhecereis.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de Africa), doutor da Igreja
Sobre o Sermão do Senhor na montanha
"Conhecê-los-eis pelos frutos"
O apóstolo Paulo diz-nos os frutos pelos quais poderemos reconhecer a árvore má:
«As obras da carne estão à vista. São estas: fornicação, impureza, obscenidade,
idolatria, feitiçaria, inimizades, contenda, ciúme, fúrias, inveja, divisões,
partidarismos, rivalidades, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas.
Sobre elas vos previno, como já preveni: os que praticarem tais coisas não
herdarão o Reino de Deus». Logo a seguir, o mesmo apóstolo enuncia os frutos
pelos quais se pode reconhecer a árvore boa: «amor, alegria, paz, paciência,
bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 19-23).
Convém notar que a palavra «alegria» é aqui tomada no seu sentido próprio; as
pessoas más, em sentido próprio, ignoram a alegria, mas conhecem o prazer. O
sentido próprio desta palavra só o conhecem as pessoas boas: «Não existe alegria
para os ímpios, diz o Senhor» (Is 48, 22). O mesmo se diga da fé verdadeira. As
virtudes enumeradas podem ser dissimuladas pelos maus e impostores, mas não
enganam o olhar simples e puro capaz de discernimento. Na enumeração dos frutos
do Espírito, a palavra alegria é tomada no sentido mais forte; só os justos
podem experimentá-la, enquanto que aquela de que o ímpio goza não passa de uma
agitação do espírito.