quarta-feira, março 08, 2006

2ª Semana da Quaresma Palavra do Dia

Neste dia litúrgico repleto de sinais de Deus, em que se inicia a 2ª semana da Quaresma, o Papa Bento XVI alerta-nos para a nossa "dependência" de sinais, quer dos sinais espirituais, quer a nível pessoal, manifestados pelo nosso sucesso.
Alerta-nos para o facto da nossa espera de sinais impedir que avançemos, impedir a nossa conversão.
Neste dia de sinais iniciamos a semana do Exame de Consciência, em que nos é pedido uma revisão de cada dia procurando e reconhecendo Deus, presente nas coisas mais simples, mas sempre tão óbvio, bastando que o queiramos ver.
Sinais do amor de Deus, da Sua eterna e infinita devoção... Temo-los "inserida na certeza de que Deus nos ama como somos ao ponto de ter dado a sua vida por nós."

Livro de Jonas 3,1-10.

A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas, nestes termos: «Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade e apregoa nela o que Eu te ordenar.» Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era uma cidade imensamente grande, e eram precisos três dias para a percorrer. Jonas entrou na cidade e andou um dia inteiro a apregoar: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.» Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor. A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o seu manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Em seguida, foi publicado na cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas não comam nada, não sejam levados a pastar nem bebam água. Os homens e animais cubram-se de roupas grosseiras, e clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se Deus não se arrependerá e acalmará o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos?» Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho, e, arrependendo-se do mal que tinha resolvido fazer-lhes, não lho fez.

Livro de Salmos 51,3-4.12-13.18-19.

Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.
Não me afastes da tua presença, nem me prives do teu santo espírito!
Não te comprazes nos sacrifícios nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito; ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.



Evangelho segundo S. Lucas 11,29-32.

Como as multidões afluíssem em massa, começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não lhe será dado sinal algum, a não ser o de Jonas. Pois, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o será também o Filho do Homem para esta geração. A rainha do Sul há-de levantar-se, na altura do juízo, contra os homens desta geração e há-de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; ora, aqui está quem é maior do que Salomão! Os ninivitas hão-de levantar-se, na altura do juízo, contra esta geração e hão-de condená-la, porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; ora, aqui está quem é maior do que Jonas.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]
Retiro pregado no Vaticano em 1983



"No que respeita a sinal, só lhes será dado o de Jonas"


"Esta geração pede um sinal". Também nós esperamos a manifestação, o sinal do sucesso, tanto na história universal como na nossa vida pessoal. Por isso, perguntamos se o cristianosmo transformou o mundo, se produziu esse sinal de pão e de segurança de que falava o diabo no deserto (Mt 4,3s). De acordo com a interpretação de Karl Marx, o cristianismo dispôs de tempo suficiente para estabelecer a prova dos seus princípios, para provar o seu sucesso, para demonstrar que criou o paraíso terrestre; para Marx, depois de todo este tempo, seria necessário apoiar-nos agora em princípios diferentes.
Esta argumentação não deixa de impressionar muitos cristãos que chegam a pensar que seria necessário, pelo menos, inventar um cristianismo muito diferente, um cristianismo que renunciasse ao luxo da interioridade, da vida espiritual. Mas é precisamente assim que eles impedem a verdadeira transformação do mundo, que se baseia num coração novo, num coração vigilante, um coração aberto à verdade e ao amor, um coração libertado e livre. Na raiz deste pedido descarado de um sinal está o egoismo, a impureza de um coração que só espera de Deus o sucesso pessoal e uma ajuda para afirmar o absoluto do eu. Esta forma de religiosidade é a recusa absoluta de conversão. Mas quantas vezes não dependemos nós mesmos do sinal do sucesso! Quantas vezes não reclamamos o sinal e recusamos a conversão!

Semana de 8 a 15 de Março Exame de Consciência

O exame de consciência é uma prática habitual de revisão de cada dia para não viver a vida distraído, reconhecendo a presença de Deus, escondida, por vezes, nas coisas mais banais. A exigência é fundamental, inserida na certeza de que Deus nos ama como somos ao ponto de ter dado a sua vida por nós.
“Deus censura os teus pecados; se tu também os censuras, juntas-te a Deus. (…) O princípio das obras boas é a confissão das más.” (Sto. Agostinho)

esta semana

• Relação com Deus: tenho tido momentos de intimidade com Ele? Tenho seguido o sonho que Ele tem para mim? Estou envolvido plenamente na minha comunidade?

• Relação com o mundo: entrego-me inteiro à missão que Deus confiou para a minha vida? Exerço a minha liberdade ou estou preso a vícios, modas e paixões sem sentido? Transmito a esperança e a confiança de Deus no que faço? Procuro a justiça e a solidariedade como ideais a alcançar ou cedo a relativismos e a desânimos? 3

• Relação com os outros: Sirvo quem me está próximo com liberdade e amor? Sou verdadeiro e fiel aos valores e princípios em que acredito? Respeito os outros independentemente das suas diferenças?

• Que proveito tiro das minhas falhas? Faço o esforço por aprender com os meus erros e corrigi-los? Como “respondo” aos males que faço?

para aprofundar…
Exame de Consciência in
“O Príncipe e a Lavadeira”, Nuno Tovar de Lemos, sj
2 Sam 12, 14-23; Is 1, 16-19; Lc 18, 9-13; Sl 16(15), 9-11

Celebração penitencial (dia 15 de Março)

Uma relação de amizade precisa de ser alimentada: porque não olhar a confissão como um encontro de amizade com Cristo?
O CUPAV propõe um momento de reflexão, de reconciliação e um reatar de laços.

Na Igreja de Sto. Inácio (colégio S. João de Brito), 21.15h.