sexta-feira, março 10, 2006

Palavra do Dia - Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão

Livro de Ezequiel 18,21-28.

"Mas se o pecador renuncia a todos os pecados que cometeu, se observa todas as minhas leis e pratica o direito e a justiça, ele deve viver, não morrerá. Não serão lembradas as faltas que cometeu, viverá por causa da justiça que praticou. Porventura me hei-de comprazer com a morte do pecador - oráculo do Senhor DEUS - e não com o facto de ele se converter e viver? Mas se o justo se desvia da sua justiça e pratica o mal, imitando os crimes abomináveis a que se entrega o pecador, porventura viverá? A justiça que praticou não será recordada; por causa da infidelidade a que se entregou e do pecado que cometeu, morrerá. Porém, vós dizeis: 'O modo de proceder do Senhor não é justo.' Escutai, pois, casa de Israel: Então é o meu modo de agir que não é justo? Ou é o vosso que o não é ? Se o justo se afasta da sua justiça para praticar o mal e morre por causa disto, é por causa do mal que praticou que ele morrerá. Se o pecador se afasta do pecado que cometeu para praticar o direito e a justiça, ele merece viver. Se ele se afasta dos pecados que cometeu, viverá certamente, não morrerá.

Livro de Salmos 130,1-8.

Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR!
Senhor, ouve a minha prece! Estejam teus ouvidos atentos à voz da minha súplica!
Se tiveres em conta os nossos pecados, Senhor, quem poderá resistir?
Mas em ti encontramos o perdão; por isso te fazes respeitar.
Eu espero no SENHOR! Sim, espero! A minha alma confia na sua palavra.
minha alma volta-se para o Senhor, mais do que a sentinela para a aurora. Mais do que a sentinela espera pela aurora,
Israel espera pelo SENHOR; porque nele há misericórdia e com Ele é abundante a redenção.
Ele há-de livrar Israel de todos os seus pecados.



Evangelho segundo S. Mateus 5,20-26.

Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.» «Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar 'imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar 'louco’ será réu da Geena do fogo. Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»
Da Bíblia Sagrada




Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hippone (África do Norte) e doutor da Igreja
Sermão 357



“Se te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti”


“Deus faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores” (Mt 5,45). Ele mostra a sua paciência; e não lamenta o seu poder. Tu também..., renuncia à provocação, não aumentes o incómodo dos olhos inchados. És amigo da paz? Mantém-te tranquilo no teu interior... Deixa de lado as discussões, e volta-te para a oração. Não te encarregues de contradizer alguém e mesmo de defenderes a nossa fé discutindo com quem blasfema. Não respondas à injúria com a injúria, mas reza por esse homem.

Querias falar-lhe contra ele próprio: fala a Deus por ele. Não digo que te cales: escolhe o meio conveniente, e vê Aquele a quem falas, em silêncio, por um grito do coração. Lá onde o teu adversário não te vê, aí mesmo, sê bom para com ele. A esse adversário da paz, a esse amigo da disputa, responde tu, amigo da paz: “Diz tudo o que quiseres, porque, seja qual for a tua inimizade, tu és meu irmão”...

“Podes odiar-me e repelir-me: tu és meu irmão! Reconhece em ti o sinal do meu Pai; é a Palavra do nosso Pai. Irmão questionador, tu és meu irmão, porque tu dizes tal como eu: ‘Pai nosso que estais nos céus’. Se a nossa linguagem é uma, porque não somos um? Peço-te, reconhece o que dizes comigo e reprova o que fazes contra mim... Temos uma única linguagem diante do Pai; porque não havemos de ter juntos uma única paz?”