terça-feira, junho 27, 2006

Pérolas a Porcos...

Evangelho segundo S. Mateus 7,6.12-14.

«Não dês as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés e, acometendo-vos, vos despedacem.» «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.» «Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São Vicente de Paula (1581-1660), fundador de comunidades religiosas
Conversa de 04.V.1659




“Tudo quanto quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também”


Qual é o primeiro acto da caridade? Que actividade tem um coração animado por ela? O que sai desse coração, que é diferente do que sai do coração de um homem dela desprovido? Fazer bem a todos como gostaríamos que nos fizessem a nós; é nisso que consiste o sumário da caridade. Faço ao meu próximo o que desejo que ele me faça? Ah!, que grande exame a fazer. […]

Contemplemos o Filho de Deus: que coração de caridade, que chama de amor! Meu Jesus, dizei-nos, por favor, o que foi que vos retirou do céu para virdes sofrer a maldição da terra, tantas perseguições e tormentos que recebestes? Ó Salvador, ó fonte do amor, humilhado até nós, até um suplício infame, que amastes mais o próximo do que a Vós mesmo. Viestes expor-vos a todas as nossas misérias, tomar a forma de pecador, levar uma vida de dor e sofrer uma morte vergonhosa por nós. Haverá amor semelhante? […] Nosso Senhor foi o único que se apaixonou de tal maneira pelas criaturas, que abandonou o trono de seu Pai para vir tomar um corpo sujeito às enfermidades.

E para quê? Para estabelecer entre nós, pelo seu exemplo e a sua palavra, a caridade ao próximo. […] Oh meus amigos, se tivéssemos um pouco deste amor, ficaríamos de braços cruzados? […] Oh não, a caridade não pode permanecer ociosa; ela incita-nos à salvação e à consolação dos nossos irmãos.