terça-feira, novembro 07, 2006

O Reino só está fechado a quem dele se excluir pela sua própria palavra.

Carta aos Filipenses 2,5-11.

Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome, para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra; e toda a língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!”, para glória de Deus Pai.

Livro de Salmos 22,26-27.28-30.31-32.

De ti vem o meu louvor na grande assembleia; cumprirei os meus votos na presença dos teus fiéis.
Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o SENHOR, os que o procuram. «Vivam para sempre os vossos corações.»
Hão-de lembrar-se do SENHOR e voltar-se para Ele todos os confins da terra; hão-de prostrar-se diante dele todos os povos e nações,
porque ao SENHOR pertence a realeza. Ele domina sobre todas as nações.
Diante dele hão-de prostrar-se todos os grandes da terra; diante dele hão-de inclinar-se todos os que descem ao pó e assim deixam de viver.
Uma nova geração o servirá e narrará aos vindouros as maravilhas do Senhor;
ao povo que vai nascer dará a conhecer a sua justiça, contará o que Ele fez.


Evangelho segundo S. Lucas 14,15-24.

Ouvindo isto, um dos convidados disse-lhe: «Feliz o que comer no banquete do Reino de Deus!» Ele respondeu-lhe: «Certo homem ia dar um grande banquete e fez muitos convites. À hora do banquete, mandou o seu servo dizer aos convidados: 'Vinde, já está tudo pronto.' Mas todos, unanimemente, começaram a esquivar-se. O primeiro disse: 'Comprei um terreno e preciso de ir vê-lo; peço-te que me dispenses.' Outro disse: 'Comprei cinco juntas de bois e tenho de ir experimentá-las; peço-te que me dispenses.' E outro disse: 'Casei-me e, por isso, não posso ir.' O servo regressou e comunicou isto ao seu senhor. Então, o dono da casa, irritado, disse ao servo: 'Sai imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos.' O servo voltou e disse-lhe: Senhor, está feito o que determinaste, e ainda há lugar.' E o senhor disse ao servo: 'Sai pelos caminhos e azinhagas e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.' Pois digo-vos que nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja
Tratado sobre o Evangelho de S. Lucas, 7




“Obriga-os a entrar, para que a Minha casa se encha”


Os convidados desculpam-se, mas o Reino só está fechado a quem dele se excluir pela sua própria palavra. Na sua clemência, o Senhor a todos convida; é a nossa cobardia, é o nosso descaminho, que dele nos afastam. Aquele que prefere comprar uma propriedade é estranho ao Reino; no tempo de Noé, compradores e vendedores foram engolidos pelo dilúvio (Lc 17, 28). […] O mesmo acontece àquele que se desculpa porque se casou, pois está escrito: “Se alguém vem ter comigo e não aborrece a seu pai, mãe, esposa […], não pode ser Meu discípulo” (Lc 14, 26).

Assim, após receber o desdém orgulhoso dos ricos, Cristo voltou-Se para os pagãos; chama bons e maus, para fazer crescer os bons, para melhorar as disposições dos maus. […] Convida os pobres, os doentes, os cegos, o que mostra que nenhuma enfermidade física afasta ninguém do Reino, e que a enfermidade dos pecados é sarada pela misericórdia do Senhor. […]

Manda, pois, procurá-los aos caminhos, porque “a Sabedoria clama nas ruas” (Prov 1, 20). Manda procurá-los às praças, dizendo aos pecadores que abandonem as vias espaçosas e tomem o caminho estreito que conduz à vida (Mt 7, 13). Manda buscá-los às estradas e aos valados, porque os mais capazes de chegar ao Reino dos Céus são aqueles que, sem se deixarem deter pelos bens presentes, se apressam a ir atrás dos futuros, tendo tomado a via da boa vontade […], opondo a muralha da fé às tentações do pecado.