segunda-feira, outubro 23, 2006

O que amontoa para si, não é rico em relação a Deus.

Carta aos Efésios 2,1-10.

Também a vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pecados, aqueles em que vivestes outrora, de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe que domina os ares, o espírito que agora actua nos rebeldes... Como eles, todos nós nos comportámos outrora: entregues aos nossos desejos mundanos, fazíamos a vontade dele, seguíamos os seus impulsos, de tal modo que estávamos sujeitos por natureza à ira divina, precisamente como os demais. Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor imenso com que nos amou, precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo – é pela graça que vós estais salvos – com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo. Pela bondade que tem para connosco, em Cristo Jesus, quis assim mostrar, nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça. Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas obras que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos.

Livro de Salmos 100,2.3.4.5.

servi ao SENHOR com alegria, vinde à sua presença com cânticos de júbilo!
Sabei que o SENHOR é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho.
Entrai pelas suas portas em acção de graças; entrai nos seus átrios com hinos de louvor; glorificai-o e bendizei o seu nome.
SENHOR é bom! O seu amor é eterno! É eterna a sua fidelidade! SALMOS


Evangelho segundo S. Lucas 12,13-21.

Dentre a multidão, alguém lhe disse: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.» Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me nomeou juiz ou encarregado das vossas partilhas?» E prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque, mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.» Disse-lhes, então, esta parábola: «Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande colheita. E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: 'Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?' Depois continuou: 'Já sei o que vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.' Deus, porém, disse-lhe: 'Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?' Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Isaac, o Sírio (séc. VII), monge em Ninive, perto de Mossul, no actual Iraque
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 38




“Esta mesma noite virão pedir-te a vida”


Senhor, torna-me digno de desprezar a minha vida pela vida que se encontra em Ti. A vida neste mundo é semelhante àqueles que formam palavras com letras, acrescentando-as, retirando-as e alterando-as a seu bel prazer. Mas a vida do mundo futuro é semelhante ao que está escrito sem o menor erro nos livros selados com o selo real, a que nada falta e a que nada há a acrescentar. Assim, pois, enquanto nos encontramos no seio da mudança, estejamos atentos a nós próprios. Enquanto temos poder sobre o manuscrito da nossa vida, sobre aquilo que escrevemos com as nossas próprias mãos, esforcemo-nos por lhe acrescentar o bem que fazemos e por apagar os erros da nossa primeira conduta. Enquanto estamos neste mundo, Deus não põe o selo, nem sobre o bem, nem sobre o mal. Apenas o faz no momento do nosso êxodo, quando termina a nossa obra, no momento em que partimos.

Como diz Santo Efrém, temos de considerar que a nossa alma é semelhante a um navio preparado para o mar, que não sabe quando se levantará o vento; ou é semelhante a uma armada que não sabe quando soará a trombeta a anunciar o combate. Se isto diz do navio e da armada, que esperam algo que poderá não se realizar, quanto mais deveremos preparar-nos para a chegada brusca desse dia em que será lançada a ponte e aberta a porta para o mundo novo? Que Cristo, o Mediador da nossa vida, nos conceda estar preparados.