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João Paulo II: “Jesus estendeu a mão e tocou-lhe”
Livro de 1º Samuel 4,1-11.
A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus para lhes dar combate. Acamparam junto de Ében-Ézer e os filisteus acamparam em Afec. Os filisteus puseram-se em linha de combate frente a Israel, e começou a batalha. Israel foi vencido pelos filisteus, que mataram em combate cerca de quatro mil homens. O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: «Porque é que o Senhor nos derrotou hoje diante dos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que Ele esteja no meio de nós e nos livre da mão dos nossos inimigos.» O povo mandou, pois, buscar a Silo a Arca da aliança do Senhor do universo, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Eli, Ofni e Fineias, acompanhavam a arca. Quando a Arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel lançou um grande clamor, que fez a terra tremer. Os filisteus, ouvindo-o, disseram: «Que significa este grande clamor no acampamento dos hebreus?» Souberam que a Arca do Senhor havia chegado ao acampamento. Tiveram medo e disseram: «O Deus deles chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se ouviu coisa semelhante. Ai de nós! Quem nos salvará da mão desse Deus excelso? É aquele Deus que feriu os egípcios com toda a espécie de pragas no deserto. Coragem, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, não suceda que sejais escravos dos hebreus como eles o são de vós. Esforçai-vos e combatei.» Começaram a luta; Israel foi derrotado e todos fugiram para as suas casas. O massacre foi tão grande que ficaram mortos trinta mil homens de Israel. A Arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, pereceram.
Livro de Salmos 44(43),10-11.14-15.25-26.
Contudo, rejeitaste-nos e cobriste-nos de vergonha; já não acompanhas os nossos exércitos.
Fizeste-nos recuar diante dos inimigos e os que nos odeiam saquearam-nos à vontade.
Fizeste de nós o opróbrio dos nossos vizinhos, a irrisão e o desprezo dos que nos rodeiam.
Fizeste de nós objecto de escárnio para os pagãos, os povos abanam a cabeça, troçando de nós.
Porque escondes a tua face e te esqueces da nossa miséria e tribulação?
nossa alma está prostrada no pó, e o nosso corpo, colado à terra.
Evangelho segundo S. Marcos 1,40-45.
Um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo: «Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.» Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005
Homilia aos jovens
O gesto afectuoso de Jesus, que Se aproxima dos leprosos, reconfortando-os e curando-os, tem a sua expressão mais plena e misteriosa na Paixão. Supliciado e desfigurado pelo suor de sangue, pela flagelação, pela coroação de espinhos, pela crucifixão, abandonado pela população, que esquecera os benefícios Dele recebidos, na Sua Paixão Jesus identifica-Se com os leprosos, tornando-Se imagem e símbolo deles, como havia intuído o profeta Isaías, ao contemplar o mistério do Servo do Senhor: “Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e evitado pelos homens, como homem […] diante do qual se tapa o rosto. […] Nós o repudiávamos como um leproso, ferido por Deus e humilhado” (Is 53, 2-4). Mas é precisamente das chagas do corpo supliciado de Deus e do poder da Sua ressurreição que brotam a vida e a esperança para todos os homens atingidos pelo mal e pela enfermidade.
A Igreja sempre foi fiel à missão de anunciar a palavra de Cristo, unida ao gesto concreto de misericórdia solidária pelos mais humildes, pelos últimos. No decurso dos séculos, houve um crescendo de dedicação, comovente e extraordinária, por quantos eram atingidos pelas doenças humanamente mais repugnantes. A história põe claramente em evidência que os cristãos foram os primeiros a preocupar-se com o problema dos leprosos. O exemplo de Cristo tinha feito escola, e foi fecundo em gestos de solidariedade, de dedicação, de generosidade e de caridade desinteressada.