sexta-feira, abril 28, 2006

Palavra do Dia -

Normalmente leio sempre as Leituras e retiro o bocadinho que mais me marca e junto ao título, Palavra do Dia.
Hoje deixo aberto a sugestões, até porque não tenho muito tempo.

Livro dos Actos dos Apóstolos 5,34-42.

Ergueu-se, então, um homem no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, doutor da Lei, respeitado por todo o povo. Mandou sair os acusados por alguns momentos e, tomando a palavra, disse: «Homens de Israel, tende cuidado com o que ides fazer a esses homens! Nos últimos tempos, apareceu Teudas, que se dizia alguém e ao qual seguiram cerca de quatrocentos homens. Ele foi liquidado e todos os seus partidários foram destroçados e reduzidos a nada. Depois dele, apareceu também Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e arrastou o povo atrás dele. Morreu, igualmente, e todos os seus adeptos foram dispersos. E, agora, digo-vos: não vos metais com esses homens, deixai-os. Se o seu empreendimento é dos homens, esta obra acabará por si própria; mas, se vem de Deus, não conseguireis destruí-los, sem correrdes o risco de entrardes em guerra contra Deus.» Concordaram, então, com as suas palavras. Trouxeram novamente os Apóstolos e, depois de os mandarem açoitar, proibiram-lhes de falar no nome de Jesus e libertaram-nos. Quanto a eles, saíram da sala do Sinédrio cheios de alegria, por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa-Nova de Jesus, o Messias.

Livro de Salmos 27,1.4.13-14.

SENHOR é minha luz e salvação: de quem terei medo? O SENHOR é o baluarte da minha vida: quem me assustará?
Uma só coisa peço ao SENHOR e ardentemente a desejo: é habitar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para saborear o seu encanto e ficar em vigília no seu templo.
Creio, firmemente, vir a contemplar a bondade do SENHOR, na terra dos vivos.
Confia no SENHOR! Sê forte e corajoso, e confia no SENHOR!



Evangelho segundo S. João 6,1-15.

Depois disto, Jesus foi para a outra margem do lago da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-o uma grande multidão, porque presenciavam os sinais miraculosos que realizava em favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se ali com os seus discípulos. Estava a aproximar-se a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo o olhar e reparando que uma grande multidão viera ter com Ele, Jesus disse então a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para esta gente comer?» Dizia isto para o pôr à prova, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Filipe respondeu-lhe: «Duzentos denários de pão não chegam para cada um comer um bocadinho.» Disse-lhe um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Há aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?» Jesus disse: «Fazei sentar as pessoas.» Ora, havia muita erva no local. Os homens sentaram-se, pois, em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os pelos que estavam sentados, tal como os peixes, e eles comeram quanto quiseram. Quando se saciaram, disse aos seus discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos, então, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada que sobejaram aos que tinham estado a comer. Aquela gente, ao ver o sinal milagroso que Jesus tinha feito, dizia: «Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!» Por isso, Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja
Diatesseron, 12, 4-5, 11




"Com os pedaços que sobraram, encheram doze cestos"


Num piscar de olhos, o Senhor multiplicou um pedaço de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, fizeram-no os Seus dedos num instante. [.] Contudo, não foi com o seu poder que comparou este milagre, mas com a fome dos que tinha diante de Si. Se o milagre tivesse sido comparado com o seu poder, seria impossível de avaliar; comparado com a fome daqueles milhares de pessoas, o milagre ultrapassou os doze cestos. O poder dos artesãos é inferior aos desejos dos respectivos clientes; eles não conseguem fazer tudo aquilo que se lhes pede; pelo contrário, as realizações de Deus ultrapassam todo o desejo. [.]

Saciados no deserto, como outrora o tinham sido os Israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: "Este é o profeta do qual está dito que viria ao mundo." Aludiam às palavras de Moisés: "O Senhor suscitará para vós um profeta", que não será um profeta qualquer, mas "um profeta como eu" (Dt 18,15), que vos saciará de pão no deserto. Tal como eu, caminhou sobre as águas, surgiu numa nuvem luminosa (Mt 17,5), libertou o seu povo. Entregou Maria a João, como Moisés entregara o seu rebanho a Josué. [.] Mas o pão de Moisés não era perfeito; apenas foi dado aos Israelitas. Querendo significar que o seu dom é superior ao de Moisés e o chamamento às nações ainda mais perfeito, Nosso Senhor disse: "Se alguém comer o Meu pão viverá eternamente", porque "o pão vivo que desceu do céu" é dado a todo o mundo (Jn 6,51).

quinta-feira, abril 27, 2006

Palavra do Dia - Pois se desejas que Deus fale, precisas silenciar; para que ele entre, todas as coisas devem sair.

Livro dos Actos dos Apóstolos 5,27-33.

Trouxeram-nos, pois, e levaram-nos à presença do Sinédrio. O Sumo Sacerdote, interrogando-os, disse: «Proibimo-vos formalmente de ensinardes nesse nome, mas vós enchestes Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem.» Mas Pedro e os Apóstolos responderam: «Importa mais obedecer a Deus do que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem matastes, suspendendo-o num madeiro. Foi a Ele que Deus elevou, com a sua direita, como Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. E nós somos testemunhas destas coisas, juntamente com o Espírito Santo, que Deus tem concedido àqueles que lhe obedecem.» Enraivecidos com tal linguagem, pensaram a sério em matá-los.

Livro de Salmos 34,2.9.17-20.

Em todo o tempo, bendirei o SENHOR; o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
Saboreai e vede como o SENHOR é bom; feliz o homem que nele confia!
ira do SENHOR volta-se contra os malfeitores, para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o SENHOR atendeu-os e livrou-os das suas angústias.
SENHOR está perto dos corações contritos e salva os espíritos abatidos.
Muitas são as tribulações do justo, mas o SENHOR o livra de todas elas.


Evangelho segundo S. João 3,31-36.

Aquele que vem do Alto está acima de tudo. Quem é da terra à terra pertence e fala da terra. Aquele que vem do Céu está acima de tudo e dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho reconhece que Deus é verdadeiro; pois aquele que Deus enviou transmite as palavras de Deus, porque dá o Espírito sem medida. O Pai ama o Filho e tudo põe na sua mão. Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Jean Tauler (1300-1361), dominicano
Sermão para a Festa de Natal




“Aquele que Deus enviou diz as palavras de Deus”


Tal como Maria, todo o servo de Deus deve, frequentemente, encontrar o silêncio e a calma em si mesmo, recolher-se em seu íntimo, esconder-se espiritualmente para se preservar e fugir aos sentidos, e conceder a si mesmo um lugar de silêncio e de repouso interior. É deste repouso interior que se canta: «Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra omnipotente desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da terra» (Sab. 18, 14-15): foi quando o Verbo eterno saiu do coração de seu Pai. É no meio do silêncio, precisamente no momento em que todas as coisas estão mergulhadas no mais profundo silêncio, quando o verdadeiro silêncio reina, que se escuta então, verdadeiramente, este Verbo. Pois se desejas que Deus fale, precisas silenciar; para que ele entre, todas as coisas devem sair.

Quando Nosso Senhor Jesus entrou no Egipto, todos os ídolos do país caíram em ruínas. Os teus próprios ídolos, é tudo aquilo que impede que se opere em ti este nascimento eterno, de maneira verdadeira e imediata, por melhor e mais santo que isto possa parecer. Nosso Senhor disse: «Eu vim trazer a espada» (Mt. 10,34) para cortar tudo o que se agarra ao homem. Pois aquilo que te é mais chegado, eis o teu inimigo: esta multiplicidade de imagens que em ti escondem o Verbo.

quarta-feira, abril 26, 2006

Palavra do Dia - Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eter

Livro dos Actos dos Apóstolos 5,17-26.

Surgiu, então, o Sumo Sacerdote com todos os seus sequazes, isto é, o partido dos saduceus; encheram-se de inveja e deitaram as mãos aos Apóstolos, metendo-os na prisão pública. Mas, durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, depois de os ter conduzido para fora, disse-lhes: «Ide para o templo e anunciai ao povo a Palavra da Vida.» Obedientes a essas ordens, entraram no templo de manhã cedo e começaram a ensinar. Entretanto, chegou o Sumo Sacerdote com os seus sequazes; convocaram o Sinédrio e todo o Senado dos filhos de Israel e mandaram buscar os Apóstolos à cadeia. Os guardas foram lá, mas não os encontraram na prisão e voltaram, declarando: «Encontrámos a cadeia fechada com toda a segurança e os guardas de sentinela à porta, mas, depois de a abrirmos, não encontrámos ninguém no interior.» Esta notícia pôs os sumos sacerdotes e o comandante do templo numa grande perplexidade acerca dos Apóstolos, e perguntavam a si próprios o que poderia significar tudo aquilo. Veio, então, alguém comunicar-lhes: «Os homens que metestes na prisão estão agora no templo a ensinar o povo.» O comandante do templo dirigiu-se imediatamente para lá com os guardas e trouxe os Apóstolos, mas não à força, pois receavam ser apedrejados pelo povo.

Livro de Salmos 34,2-9.

Em todo o tempo, bendirei o SENHOR; o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
minha alma gloria-se no SENHOR! Que os humildes saibam e se alegrem.
Enaltecei comigo o SENHOR; exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o SENHOR e Ele respondeu-me, livrou-me de todos os meus temores.
Aqueles que o contemplam ficam radiantes, não ficarão de semblante abatido.
Quando um pobre invoca o SENHOR, Ele atende-o e liberta-o das suas angústias.
anjo do SENHOR protege os que o temem e livra-os do perigo.
Saboreai e vede como o SENHOR é bom; feliz o homem que nele confia!


Evangelho segundo S. João 3,16-21.

Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Liturgia Romana
Hino de Santo Ambrósio para as laudes, "Splendor paternae gloriae"




"A luz veio ao mundo"


Esplendor da glória do Pai,
Luz nascida da Luz,
Fonte viva de claridade,
Dia que ilumina do dia.

Verdadeiro sol resplandecente, desce sobre nós,
Brilha numa luz sem fim,
Faz luzir nos nossos corações
Os raios do Espírito divino.

Que nos seja dado cantar
O Pai da eterna glória,
O Pai todo-poderoso
Que apaga as nossas faltas.

Que Ele dê força ao nosso agir,
Que Ele destrua o inimigo
Que nos dê na provação
A graça para actuar.

Dirija a nossa inteligência,
Que Ele guarde o nosso corpo,
Que a nossa fé seja ardente,
Simples e sem retorno.

Seja Cristo nosso alimento,
A fé a nossa bebida,
Que a sóbria embriaguez do Espírito
Seja a alegria deste dia.

Que o dia decorra alegre
Na pureza da manhã,
Que ao meio dia brilhe a fé
Que vença as sombras da noite.

Como o sol que brilha aos nossos olhos,
Venham até nós com a aurora
O Filho nos braços do Pai
E o Pai nos braços do Filho

terça-feira, abril 25, 2006

Palavra do Dia - Pela fé, o fraco recebeu o dom da força!

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo
PPS vol. 2, n°16



"Ide por todo o mundo. Proclamai a Boa Nova a toda a criação"


Assistimos em São Marcos a uma transformação verdadeiramente maravilhosa: tendo acompanhado Barnabé e Paulo durante a primeira viagem apostólica de ambos, diante do perigo, João Marcos abandona-os para regressar a Jerusalém (Act 13, 13). [.] Depois disto, porém, foi colaborador de São Pedro (1P 5,13), tendo-se mostrado, não apenas um autêntico cristão, mas um servidor fiel e resoluto do Evangelho, sendo mesmo, segundo a tradição, o fundador da Igreja mais rigorosa, a Igreja de Alexandria. O instrumento desta mudança parece ter sido a influência de Pedro, que transformou em apóstolo o discípulo tímido e cobarde.

Através desta história, aprendemos uma lição: pela graça de Deus, o mais fraco pode receber a força. Portanto, não devemos confiar em nós mesmos; nunca devemos desprezar um irmão que dá provas de fraqueza, nem jamais desesperar quanto à sua fidelidade mas, pelo contrário, devemos ajudá-lo a seguir em frente. [.] A história de Moisés apresenta-nos o exemplo de um temperamento orgulhoso e violento, que o Espírito dominou, a ponto de fazer dele um homem de excepcional humildade (Nm 12, 3). A história de Marcos apresenta-nos um caso de mudança ainda mais rara: a passagem da timidez a uma segurança definitiva. Com efeito, se é difícil dominar paixões violentas, ainda é mais difícil superar a tendência para o temor e o desalento, essas pequenas cadeias que paralisam alguns. [.] Admiremos pois, em São Marcos, uma tão espantosa transformação: "pela fé, o fraco recebeu o dom da força" (Hb 11,34). Deste modo, Marcos dá testemunho dos dons mais maravilhosos do Espírito Santo, segundo a repartição dos últimos tempos: "Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos" (Hb 12,12).

1ª Carta de S. Pedro 5,5-14.



Livro de Salmos 89,2-3.6-7.16-17.

Hei-de cantar para sempre o amor do SENHOR; a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade.
Proclamarei que o teu amor é para sempre, e que a tua fidelidade é eterna como o céu.
Os céus celebram as tuas maravilhas, SENHOR, e a assembleia dos santos, a tua fidelidade.
Quem, nos céus, poderá comparar-se ao SENHOR? Quem, entre os deuses, se lhe poderá igualar?
Feliz da nação que sabe louvar-te, SENHOR, que sabe caminhar na luz do teu rosto.
Em teu nome rejubila a toda a hora e se gloria com a tua justiça.


Evangelho segundo S. Marcos 16,15-20.

E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado. Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.» Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

Da Bíblia Sagrada

segunda-feira, abril 24, 2006

Palavra do Dia - Nascer de novo: Baptismo

O blogger não me estava a deixar "postar" a Palavra do Dia de hoje... Mas já consegui!

Livro dos Actos dos Apóstolos 4,23-31.

Logo que foram postos em liberdade, foram ter com os seus e contaram-lhes tudo quanto os sumos sacerdotes e os anciãos lhes tinham dito. Depois de tudo terem ouvido, ergueram a voz a Deus, numa só alma, e disseram: «Senhor, Tu é que fizeste o Céu, a Terra, o mar e tudo o que neles se encontra. Tu disseste pelo Espírito Santo e pela boca do nosso pai David, teu servo: ‘Porque bramiram as nações e os povos formaram vãos projectos? Levantaram-se os reis da Terra e os chefes coligaram-se contra o Senhor e contra o seu Ungido.’ Sim, realmente, Herodes e Pôncio Pilatos coligaram-se nesta cidade com as nações e os povos de Israel, contra o teu Santo Servo Jesus, a quem ungiste, para levarem a cabo tudo quanto determinaste antecipadamente, pelo teu poder e sabedoria. Agora, Senhor, tem em conta as suas ameaças e concede aos teus servos poderem anunciar a tua palavra com todo o desassombro, estendendo a tua mão para se operarem curas, milagres e prodígios, em nome do teu Santo Servo Jesus.» Tinham acabado de orar, quando o lugar em que se encontravam reunidos estremeceu, e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a anunciar a palavra de Deus com desassombro.

Livro de Salmos 2,1-9.

Porque se amotinam as nações e os povos fazem planos insensatos?
Revoltam-se os reis da terra e os príncipes conspiram juntos contra o SENHOR e contra o seu ungido:
«Quebremos as algemas e atiremos para longe de nós o seu jugo!»
Aquele que habita nos céus sorri; o Senhor escarnece deles.
Depois, atemoriza-os com a sua ira e com a sua cólera confunde-os:
«Fui Eu que consagrei o meu rei sobre o meu monte santo de Sião!»
Vou anunciar o decreto do SENHOR. Ele disse-me: «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei.
Pede-me e Eu te darei povos como herança e os confins da terra por domínio.
Hás-de governá-los com ceptro de ferro e destruí-los como um vaso de barro.»


Evangelho segundo S. João 3,1-8.

Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, um chefe dos judeus. Veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: «Rabi, nós sabemos que Tu vieste da parte de Deus, como Mestre, porque ninguém pode realizar os sinais portentosos que Tu fazes, se Deus não estiver com ele.» Em resposta, Jesus declarou-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus.» Perguntou-lhe Nicodemos: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?» Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por Eu te ter dito: 'Vós tendes de nascer do Alto.' O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Catecismo da Igreja Católica
§§1213-1216







"Nascer da água e do Espírito"




O santo Baptismo é o fundamento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito (“vitae spiritualis janua”) e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Baptismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão: “O Baptismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra”

I. Como é chamado este sacramento?
Ele é denominado Baptismo com base no rito central pelo qual é realizado: baptizar (“baptizein”, em grego, significa “mergulhar”, “imergir”); o “mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita (Rm 6,4) como “nova criatura” (2Cor 5,17; Gl 6,15).
Este sacramento é também chamado “o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo” (Tt 3,5), pois ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).

“Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este ensinamento [catequético] têm o espírito iluminado (S. Justino) ...” Depois de receber no Batismo o Verbo, “a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1,9), o batizado, “após ter sido iluminado (He 10,32)”, se converte em “filho da luz (1Tes 5,5)” e em “luz” ele mesmo (Ef 5,8): "O Baptismo é o mais belo e o mais magnífico dom de Deus... Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo, e tudo o que existe de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que nada trazem; graça, porque é dado até a culpados; baptismo, porque o pecado é sepultado na água; unção, porque é sagrado e régio (tais são os que são ungidos); iluminação, porque é luz resplandecente; veste, porque cobre nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é o sinal do senhorio de Deus" (S. Gregório de Nazianzo).

sexta-feira, abril 21, 2006

Palavra do Dia - Terceira vez que Jesus apareceu aos Apóstolos

Livro dos Actos dos Apóstolos 4,1-12.

Estando eles a falar ao povo, surgiram os sacerdotes, o comandante do templo e os saduceus, irritados por vê-los a ensinar o povo e a anunciar, na pessoa de Jesus, a ressurreição dos mortos. Deitaram-lhes as mãos e prenderam-nos até ao dia seguinte, pois já era tarde. No entanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé, e o número dos crentes elevou-se a cerca de cinco mil. No dia seguinte, os chefes dos judeus, os anciãos e os escribas reuniram-se em Jerusalém com o Sumo Sacerdote Anás, e ainda Caifás, João, Alexandre e todos os membros das famílias dos sumos sacerdotes. Mandaram comparecer os Apóstolos diante deles e perguntaram-lhes: «Com que poder ou em nome de quem fizestes isso?» Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e sobre o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se apresenta curado diante de vós. Ele é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome, dado aos homens, que nos possa salvar.»

Livro de Salmos 118,1-2.4.22-27.

Louvai o SENHOR, porque Ele é bom, porque o seu amor é eterno.
Diga a casa de Israel: «O seu amor é eterno.»
Digam os que crêem no SENHOR: «O seu amor é eterno.»
pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular.
Isto foi obra do SENHOR e é um prodígio aos nossos olhos.
Este é o dia da vitória do SENHOR: cantemos e alegremo-nos nele!
SENHOR, salva-nos! SENHOR, dá-nos a vitória!
Bendito o que vem em nome do SENHOR! Da casa do SENHOR nós vos abençoamos.
SENHOR é Deus; Ele tem-nos iluminado! Entrançai as ramagens de festa até às hastes do altar
.


Evangelho segundo S. João 21,1-14.

Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.» Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo
PPS vol. 8, n°2




“É o Senhor!”


Só lentamente nos apercebemos desta grande e sublime verdade: Cristo continua, de alguma maneira, a caminhar no meio de nós, e faz-nos sinal para o seguirmos com a sua própria mão, o seu olhar, a sua voz. Nós não compreendemos que este chamamento de Cristo tem lugar todos os dias, hoje como outrora. Temos tendência para nos convencermos de que ele se verificava no tempo dos apóstolos, mas não cremos que, hoje, se nos aplique, não procuramos detectá-lo a nosso respeito. Deixámos de ter olhos para ver o Mestre – somos muito diferentes do apóstolo amado, que reconheceu Cristo mesmo quando os outros discípulos O não reconheceram. E, contudo, era Ele que estava na margem; foi depois da ressurreição, quando lhes ordenou que lançassem a rede ao mar; foi então que o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!”

O que pretendo dizer é que, de vez em quando, os homens que vivem uma vida de crentes se apercebem de verdades que ainda não tinham visto, ou para as quais nunca lhes tinham chamado a atenção. E, de repente, elas apresentam-se diante deles como um apelo irresistível. Ora, trata-se de verdades que nos obrigam, que assumem o valor de preceitos, e que exigem obediência. É desta maneira, ou ainda de outras, que Cristo hoje nos chama. Não há nada de miraculoso ou de extraordinário nesta forma de actuar. Ele age por intermédio das nossas faculdades naturais e por meio das próprias circunstâncias da vida.

quinta-feira, abril 20, 2006

Novos Pecados

O Evangelho que aqui ponho (quase) todos os dias,chega diariamente ao meu e-mail graças a Deus (óbvio...) e ao EAQ http://www.evangelhoquotidiano.org/

Quem quiser receber o Evangelho todos os dias no e-mail deve ir a este site e inscrever-se, desde que não deixe de vir aqui ao Quase santos, claro!

De vez em quando mandam-me outras coisas, que não a liturgia diária, e isto pareceu-me muito importante.

Novos pecados... Novas formas de pecar. Novos meios por onde/através dos quais pecar.

Sempre a velhinha ofensa:

Não amar.

Não nos amarmos.

Não amarmos o próximo.

Não amarmos Deus.



Amigos leitores do EAQ em língua portuguesa

Os nossos tempos, com as suas características próprias, vêm exigindo da Igreja
novas atitudes pastorais, que respondam ao estilo de vida e às preocupações dos
homens e das mulheres de hoje. Definir balizas, propor regras, aconselhar e
prevenir faz parte dessas atitudes…

Recentemente, pela boca do cardeal James Francis Stafford, penitenciário-mor do
Vaticano, foram denunciadas e etiquetadas como pecado algumas formas de utilizar
as novas tecnologias da informação, designadamente a leitura de jornais, a
navegação na Internet e a televisão em excesso.

A esse propósito, um teólogo comentou: «Não há dúvida que hoje há um gasto
imoderado de tempo que leva muitas vezes a grande passividade, à distracção do
mais importante. O que há fundamentalmente é falta de amor».

E outro aconselha: «Quando se prejudicaram a si próprias, quando não cumpriram
os seus deveres, quando prejudicaram a vida familiar por causa desses excessos,
as pessoas podem referir essa questão quando se confessarem».

Recordemos que o próprio Papa, no seu encontro com jovens universitários no
passado Domingo de Ramos, dedicado neste ano ao tema «Projectar a cultura: a
linguagem dos meios de comunicação», reconheceu: «Infelizmente, temos de
constatar que em nosso tempo as tecnologias e os meios de comunicação nem sempre
favorecem as relações pessoais».

Nada disto contraria, contudo, as directivas de João Paulo II em 1992 a
propósito da Nova Evangelização, “nova no ardor, nova nas expressões, nova nos
métodos”: todos os meios são bons para levar a Boa Nova “a toda a criatura”,
incluindo a Internet. É o que tem feito Evangelho Quotidiano, com o conhecimento
e bênção dos nossos Bispos. É o que continuaremos a fazer, com o vosso apoio e
amizade.

Que o Senhor nos continue a dar santas e felizes festas pascais.

Cordialmente

A equipa portuguesa de Evangelho Quotidiano

Palavra do Dia - Não receeis,sou Eu mesmo.Chamei-vos pela graça, escolhi-vos pelo perdão, sustentei-vos com a Minha compaixão

Livro dos Actos dos Apóstolos 3,11-26.

E, como ele não deixasse Pedro e João, todo o povo, cheio de assombro, se juntou a eles sob o chamado pórtico de Salomão. Ao ver isto, Pedro dirigiu a palavra ao povo: «Homens de Israel, porque vos admirais com isto? Porque nos olhais, como se tivéssemos feito andar este homem por nosso próprio poder ou piedade,? O Deus de Abraão, de Isaac e Jacob, o Deus dos nossos pais, glorificou o seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a libertá-lo. Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação de um assassino. Destes a morte ao Príncipe da Vida, mas Deus ressuscitou-o dos mortos, e disso nós somos testemunhas. Pela fé no seu nome, este homem, que vedes e conheceis, recobrou as forças. Foi a fé que dele nos vem que curou completamente este homem na vossa presença. Agora, irmãos, sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes. Dessa forma, Deus cumpriu o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Messias havia de padecer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam apagados; e, assim, o Senhor vos conceda os tempos de conforto, quando Ele enviar aquele que vos foi destinado, o Messias Jesus, que deve permanecer no Céu até ao momento da restauração de todas as coisas, de que Deus falou outrora pela boca dos seus santos profetas. Moisés disse: ‘O Senhor Deus suscitar-vos-á um Profeta como eu, de entre os vossos irmãos. Escutá-lo-eis em tudo quanto vos disser. Quem não escutar esse Profeta, será exterminado do meio do povo.’ E, por outro lado, todos os profetas que falaram desde Samuel anunciaram igualmente estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus concluiu com os vossos pais, quando disse a Abraão: ‘Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da Terra.’ Foi primeiramente para vós que Deus suscitou o seu Servo e o enviou para vos abençoar e para se afastar cada um de vós das suas más acções.»

Livro de Salmos 8,2.5-9.

SENHOR, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra! Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus.
que é o homem para te lembrares dele, o filho do homem para com ele te preocupares?
Quase fizeste dele um ser divino; de glória e de honra o coroaste.
Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos, tudo submeteste a seus pés:
rebanhos e gado, sem excepção, e até mesmo os animais bravios;
as aves do céu e os peixes do mar, tudo o que percorre os caminhos do oceano.


Evangelho segundo S. Lucas 24,35-48.

E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão. Enquanto isto diziam, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dominados pelo espanto e cheios de temor, julgavam ver um espírito. Disse-lhes, então: «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho.» Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como, na sua alegria, não queriam acreditar de assombrados que estavam, Ele perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa que se coma?» Deram-lhe um bocado de peixe assado; e, tomando-o, comeu diante deles. Depois, disse-lhes: «Estas foram as palavras que vos disse, quando ainda estava convosco: que era necessário que se cumprisse tudo quanto a meu respeito está escrito em Moisés, nos Profetas e nos Salmos.» Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Sermão 81




"Ele próprio surgiu no meio deles e disse-lhes: 'A paz esteja convosco'."


A Judeia rebelde tinha expulsado a paz da terra e lançado o universo no caos primordial. Também entre os discípulos a guerra causava estragos; a fé e a dúvida atacavam-se furiosamente uma à outra. Os corações destes homens, onde a tempestade rugia, não eram capazes de encontrar uma enseada de paz, um porto de calma.

Perante este espectáculo, Cristo, que sonda os corações, que manda nos ventos, que domina as tempestades, que, com um simples gesto, transforma a borrasca em céu sereno, firmou-os na sua paz, dizendo: "A paz esteja convosco! Sou Eu; não temais. Sou Eu, o crucificado, o morto, o sepultado. Sou Eu, o vosso Deus, feito homem por vós. Sou Eu. Não sou um espírito revestido de corpo, mas a própria verdade feita carne. Sou Eu, vivo entre os mortos, descido dos céus ao coração dos infernos. Sou Eu, de quem a morte fugiu, a quem os infernos temeram. No seu pavor, o inferno proclamou-Me Deus. Não receies, Pedro, tu que me negaste, nem tu, João, tu que fugiste, nem todos vós que Me abandonastes, que só pensastes em Me trair, que ainda não credes em Mim, embora Me vejais. Não receeis, sou Eu mesmo. Chamei-vos pela graça, escolhi-vos pelo perdão, sustentei-vos com a Minha compaixão, apoiei-vos com o Meu amor, e tomo-vos hoje, pela Minha pura bondade."

quarta-feira, abril 19, 2006

Palavra do Dia - Quando é que o Senhor se deu a conhecer?

Livro dos Actos dos Apóstolos 3,1-10.

Pedro e João subiam ao templo, para a oração das três horas da tarde. Era para ali levado um homem, coxo desde o ventre materno, que todos os dias colocavam à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola àqueles que entravam. Ao ver Pedro e João entrarem no templo, pediu-lhes esmola. Pedro, juntamente com João, olhando-o fixamente, disse-lhe: «Olha para nós.» O coxo tinha os olhos nos dois, esperando receber alguma coisa deles. Mas Pedro disse-lhe: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!» E, segurando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante, os pés e os artelhos se lhe tornaram firmes. De um salto, pôs-se de pé, começou a andar e entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo o viu caminhar e louvar a Deus. Bem o conheciam, como sendo aquele que costumava sentar-se à Porta Formosa do templo a mendigar; ficaram cheios de assombro e estupefactos com o que lhe acabava de suceder.

Livro de Salmos 105,1-4.6-9.

Louvai o SENHOR, aclamai o seu nome, anunciai entre os povos as suas obras.
Cantai-lhe hinos e salmos, proclamai as suas maravilhas.
Orgulhai-vos do seu nome santo; alegre-se o coração dos que procuram o SENHOR.
Recorrei ao SENHOR e ao seu poder e buscai sempre a sua face.
vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu escolhido.
Ele é o SENHOR, nosso Deus, e governa sobre a terra!
Ele recordará sempre a sua aliança, a promessa que jurou manter por mil gerações,
pacto que fez com Abraão e aquele juramento que fez a Isaac.


Evangelho segundo S. Lucas 24,13-35.

Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermão 235




«Fica connosco Senhor»


Irmãos, quando é que o Senhor se deu a conhecer? Na fracção do pão. Estamos assim certos disto mesmo: quando rompemos o pão, reconhecemos o Senhor. Se ele só quis ser reconhecido nessa altura, foi por causa de nós, nós que não o veríamos em sua carne, mas que no entanto comeríamos a sua carne. Então, tu que acreditas nele, quem quer que sejas, tu, que não é em vão que te chamas cristão, que não entras na igreja por acaso, que escutas a palavra de Deus com temor e esperança, para ti, a fracção do pão será uma consolação. A ausência do Senhor não é uma verdadeira ausência. Tem fé, e ele está contigo, ainda que não o vejas.

Quando o Senhor começou a falar com eles, os discípulos ainda não tinham fé. Eles ainda não acreditavam na sua ressurreição; nem esperavam sequer que ele pudesse ressuscitar. Tinham perdido a fé; tinham perdido a esperança. Eram mortos que caminhavam com um vivo; caminhavam, mortos, com a vida. A vida caminhava com eles, mas em seus corações, a vida ainda não tinha sido renovada.

E tu, desejas a vida? Imita os discípulos, e reconhecerás o Senhor. Eles ofereceram a hospitalidade; a Senhor parecia decidido a continuar o seu caminho, mas eles retiveram-no… Tu também, retém o estrangeiro se queres reconhecer o teu Salvador… Aprende onde procurar o Senhor, onde possuí-lo, onde reconhecê-lo: partilhando o pão com ele.

terça-feira, abril 18, 2006

Palavra do Dia . 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'

Livro dos Actos dos Apóstolos 2,36-41.

Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu como Senhor e Messias a esse Jesus por vós crucificado.» Ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?» Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo. Na verdade, a promessa de Deus é para vós, para os vossos filhos, assim como para todos os que estão longe: para todos os que o Senhor nosso Deus quiser chamar.» Com estas e muitas outras palavras, Pedro exortava-os e dizia-lhes: «Afastai-vos desta geração perversa.» Os que aceitaram a sua palavra receberam o baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas.

Livro de Salmos 33,4-5.18-20.22.

As palavras do SENHOR são verdadeiras, as suas obras nascem da fidelidade.
Ele ama a rectidão e a justiça; a terra está cheia da sua bondade.
Os olhos do SENHOR velam pelos seus fiéis, por aqueles que esperam na sua bondade,
para os libertar da morte e os manter vivos no tempo da fome.
nossa alma espera no SENHOR; Ele é o nosso amparo e o nosso escudo.
Venha sobre nós, SENHOR, o teu amor, pois depositamos em ti a nossa confiança.


Evangelho segundo S. João 20,11-18.

Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'» Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

S. Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homila 25 sobre o Evangelho




«Porque choras?»


Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha todavia constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor. Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir...
No Cântico dos Cânticos, a Igreja dizia do mesmo Esposo: «No meu leito, de noite, procurei aquele que o meu coração ama. Procurei-o, mas não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade; pelas ruas e pelas praças, vistes aquele que o meu coração ama?» (Ct 3, 1-2). Duas vezes ela exprime a sua decepção: «Procurei-o, mas não o encontrei!» Mas o sucesso vem, por fim, coroar o esforço: «Os guardas encontraram-me, aqueles que fazem ronda pela cidade. Vistes aquele que o meu coração ama? Mal os ultrapassei, encontrei aquele que o meu coração ama.» (Ct 3,3-4)
E nós, quando é que, nos nossos leitos, procuraremos o Amado? Durante os breves repousos desta vida, quando suspiramos na ausência do nosso Redemptor. Nós procuramo-Lo na noite, pois apesar do nosso espírito já estar desperto para Ele, os nossos olhos só vêem a Sua sombra. Mas, como não encontramos nela o Amado, levantemo-nos; percorramos a cidade, ou seja a assembleia dos eleitos. Procuremos de todo o coração. Procuremos nas ruas e nas praças, ou seja nas passagens escarpadas da vida ou nos caminhos espaçosos; abramos os olhos, procuremos aí os passos do nosso Bem-Amado...
Esse desejo fez dizer a David: «A minha alma tem sede do Deus de vida. Quando irei ver a face de Deus? Sem descanso, procurai a Sua face» (Sl 42,3).

segunda-feira, abril 17, 2006

Palavra do Dia - Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Demos a morte àquele que, com um olhar, dava dignidade aos feridos da vida,
então Maria Madalena reconhece-O quando Ele a chama pelo seu nome.

Demos a morte àquele que tinha falado do amor como de um dom,
então Tomé reconhece-O nas suas feridas, provas do dom da sua vida.

Demos a morte àquele que tinha declarado «felizes os construtores de paz»,
então os discípulos reconhecem-n’O na sua saudação: «A paz esteja convosco!»

Demos a morte àquele que tinha partilhado o pão,
então dois dos seus discípulos reconhecem-n’O na fracção do pão a caminho de Emaús.

A morte não teve a última palavra.
Doravante, quem terá a última palavra é a vida, o amor e a paz.
Tal é na nossa esperança.

Desejo-vos uma Páscoa verdadeiramente feliz,
inundada pela presença de Cristo vivo
que infunde em nós a certeza da vitória,
a alegria dos filhos de Deus.

Feliz Páscoa! Aleluia!

Pe. Nuno


Livro dos Actos dos Apóstolos 2,14.22-32.

De pé, com os Onze, Pedro ergueu a voz e dirigiu-lhes então estas palavras: «Homens da Judeia e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras. Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, com milagres, prodígios e sinais que Deus realizou no meio de vós por seu intermédio, como vós próprios sabeis, este, depois de entregue, conforme o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós o matastes, cravando-o na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-o, libertando-o dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o domínio da morte. David diz a seu respeito: ‘Eu via constantemente o Senhor diante de mim, porque Ele está à minha direita, a fim de eu não vacilar. Por isso o meu coração se alegrou e a minha língua exultou; e até a minha carne repousará na esperança, porque Tu não abandonarás a minha vida na habitação dos mortos, nem permitirás que o teu Santo conheça a decomposição. Deste-me a conhecer os caminhos da Vida, hás-de encher-me de alegria com a tua presença.’ Irmãos, seja-me permitido falar-vos sem rodeios: o patriarca David morreu e foi sepultado, e o seu túmulo encontra-se, ainda hoje, entre nós. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera, sob juramento, que um dos descendentes do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo por estas palavras: ‘Não foi abandonado na habitação dos mortos e a sua carne não conheceu a decomposição.’ Foi este Jesus que Deus ressuscitou, e disto nós somos testemunhas.

Livro de Salmos 16,1-2.5.7-11.

Defende-me, ó Deus, porque em ti me refugio.
Digo ao SENHOR: «Tu és o meu Deus, és o meu bem e nada existe acima de ti.»
SENHOR, minha herança e meu cálice, a minha sorte está nas tuas mãos.
Bendirei o SENHOR porque Ele me aconselha; até durante a noite a minha consciência me adverte.
Tenho sempre o SENHOR diante dos meus olhos; com Ele a meu lado, jamais vacilarei.
Por isso, o meu coração se alegra e a minha alma exulta e o meu corpo repousará em segurança.
Pois Tu não me entregarás à morada dos mortos, nem deixarás o teu fiel conhecer a sepultura.
Hás-de ensinar-me o caminho da vida, saciar-me de alegria na tua presença, e de delícias eternas, à tua direita.


Evangelho segundo S. Mateus 28,8-15.

Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos. Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.» Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido! Eles reuniram-se com os anciãos; e, depois de terem deliberado, deram muito dinheiro aos soldados, recomendando-lhes: «Dizei isto: 'De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no.’ E, se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.» Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Liturgia Romana
Sequência de Páscoa "Vitimae paschali laudes"




"Eis que Jesus veio ao seu encontro"



À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor.

O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.

A morte e a vida
travaram um admirável combate:
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.

Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?

Vi o sepulcro de Cristo vivo
e a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.

Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos!
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.


Texto original:

Victimae paschali laudes
immolent Christiani.
Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
reconciliavit peccatores.
Mors et vita duello
conflixere mirando:
dux vitae mortuus,
regnat vivus.
Dic nobis Maria,
quid vidisti in via?
Sepulcrum Christi viventis,
et gloriam vidi resurgentis:
Angelicos testes,
sudarium, et vestes.
Surrexit Christus spes mea:
praecedet suos in Galilaeam.
Scimus Christum surrexisse
a mortuis vere:
tu nobis, victor Rex,
miserere.
Amen. Alleluia.

sexta-feira, abril 14, 2006

VIGÍLIA 2006

Isto foi o que meditámos na vigilia de oração na noite de 5ª feita Santa 2006

Vim aqui (música) músicas no final do post

“O que dizer perante um mistério de Amor tão grande como o de hoje? Se calhar conseguimos olhar para as imagens, ler as descrições daquilo que se passou mas não conseguimos ver... É difícil compreender o sofrimento daquele dia... Jesus morreu por nós. Morreu por cada um de nós... Sofreu por nós. Sofreu por cada um de nós... Sofreu por mim. Sofre por mim... Ainda não conseguimos ver isto... Façamos silêncio... A pensar... A rezar... Nossa Senhora estava lá com Jesus... Aos pés da cruz... Ela viu o que se passou... Vamos pedir a Nossa Senhora que olhe para nós... Que nos ajude a perceber o mistério da Páscoa e que nos ajude a rezar com Jesus na noite em que deu tudo por nós...”

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Sinal da cruz (Música)

“Jesus na cruz é um sinal. Jesus na cruz deveria mudar as nossas vidas. Morre por nós para nos salvar... Quando conseguirmos compreender a Grandeza do Seu Amor damos uma orientação totalmente nova às nossas vidas... A cruz passa a ser o guia da nossa vida. Passamos a querer viver como Ele vive. Passamos a querer viver com Ele. A querer sofrer com Ele. Dar a vida com Ele. O Seu sacrifício de hoje transforma-se na nossa oração para sempre. Sempre que rezamos queremos agora centrar-nos na Sua vida, na entrega da Sua vida. Queremos suportar com Ele a paixão. Ajudar a que se torne todos os dias um bocadinho mais leve porque nós junto a Ele conseguimos ajudar a suportar o seu sofrimento. E aí, quando ressuscitar, ressuscita já nas nossas vidas. Na vida de cada um de nós. Na minha vida. Quer ressuscitar dentro de mim e salvar todos os homens através de mim. É aí que a minha vida se torna verdadeiramente um hino de louvor.”

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Ninguém te ama como eu (música)

“Porque é tão difícil acreditar que é verdade? Acreditar que ninguém nos ama mais que Deus? Na primeira dificuldade caímos, duvidamos. Não conseguimos olhar para a cruz e ver, sentir, este AMOR enorme, maior que tudo... é difícil perceber que era mesmo preciso a CRUZ, que sem ela não chegamos lá. Não é fácil, nas nossas tristezas, nas nossas dificuldades ver que tudo é por Amor. Que Deus está sempre ao nosso lado, mesmo quando queremos perceber, perguntar porquê e não encontramos as respostas... Mas esta é a verdade. Ninguém nos ama como Ele... Talvez ninguém nunca dê a vida por mim como Ele deu só porque me Ama, assim como eu sou.

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Só por Ti Jesus (Música)

“Depois de tudo isto, de todos os sinais que nos são dados na nossa vida, dos testemunhos que fomos tendo, das pessoas que conhecemos e que largaram tudo para nos “ensinar” a anunciar Jesus... também nós queremos consumir-nos só por ti... mesmo que seja só esta noite queremos gastar o nosso tempo aqui a rezar, a pensar, a agradecer tudo o que fizeste por nós. A vida que deste por nós... “

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Recado (Música)“
Aqui estamos... entregamos tudo, agradeço tudo. Entregamos tudo para que possas transformar. Entregamos as nossas coisas. As grandes, as pequeninas, as que eu acho que não têm nenhuma importância. Entrego tudo para que possas transformar. Agradecemos o Amor, este amor que sinto quando estou aqui, agradecemos esta calma que temos e que sentimos nesta noite.”

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Grão de trigo (Música)

“"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto." - (Jo 12,24). Não há ressurreição sem morte.Aqui Jesus fala de si mesmo e explica o significado da sua existência.Faltam poucos dias para a sua morte. Será dolorosa, humilhante. Porquê morrer, Ele que disse “Eu sou a Vida”? Porquê sofrer, Ele que é inocente? Porquê ser caluniado, esbofeteado, escarnecido, pregado numa cruz? E sobretudo porquê Ele, que viveu na união constante com Deus, haveria de sentir-se abandonado pelo seu Pai? Também Ele sente medo da morte. No entanto, ela terá um sentido: a ressurreição."Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto."Aquele grão de trigo é Ele. Neste tempo de Páscoa Ele apresenta-se a nós do alto da cruz – no seu martírio e na sua glória – como sinal de amor extremo. Ali Ele deu tudo: aos soldados, o perdão; ao ladrão, o Paraíso; a nós, sua mãe e o próprio corpo e sangue. Deu a sua vida até o ponto de gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”."Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto."Esta Palavra dá sentido também à nossa vida, ao nosso sofrimento, à nossa morte, quando ela chegar.O que fez Ele para “produzir muito fruto”?Fez-se homem. Assumiu sobre si os nossos sofrimentos. Connosco, Ele fez se cansaço, fraco, contraste… Experimentou a traição, a solidão, a angustia… Numa palavra: Ele “se fez um” connosco, carregando tudo aquilo que para nós era um peso.Assim devemos fazer também nós. Podemos mostrar a nossa imensa gratidão pelo seu amor: viver como Ele viveu. Olhar para quem está ao nosso lado, para quem está triste, angustiado, sozinho... fazer-lhe companhia, dar esperança...”

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Ouve Senhor (música)

“O mistério da Páscoa… O mistério da Fé… O mistério do Amor infinito… não percebemos… muitas vezes não acreditamos… e com essas dúvidas tornamos a Páscoa mais pequenina…
Um amor tão grande… um sofrimento tão grande… uma oferta tão grande… tudo por nós. E nós insistimos em racionalizar, em duvidar…
Jesus dá-se hoje por nós. Ele que é Deus, fez-se pequeno ao ponto de poder ser morto por nós… e sabendo que vai sofrer até ao fim, aceita o sofrimento para nos salvar… Uma entrega de uma grandeza infinita… Grande demais para tentarmos entender com a nossa cabeça pequenina ou com o nosso coração pequenino… Grande demais para toda a nossa sabedoria, todos os nossos raciocínios…
Mas esta Verdade que nos foi dada gratuitamente tem de ser vivida, agradecida, rezada… só conseguimos fazer isso de forma a dar glória a Deus se nos quisermos fazer pequeninos, pobres, simples… como crianças… se quisermos confiar n’Ele…”

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Avé Maria, Estrela da manhã (música)

“Mãe, que acompanhas o teu filho nas horas mais difíceis… que, como nós, não percebias o porquê de tanto sofrimento… fica connosco. Ajuda-nos a começar de novo depois desta Páscoa… A começar o novo dia perto de Ti e do Teu Filho. Afinal, foi para nos conduzir à Vida que o teu Filho se entregou na cruz…”


Vim aqui

Vim aqui ó Virgem Mãe, Sem saber o que dizer
Eu olhava a Tua imagem, Não a conseguia ver

Sentei-me e assim fiquei, Em silêncio a pensar
Senti descer ó Mãe, Sobre mim o Teu olhar
Foi então que comecei, Com alegria a rezar


Sinal da cruz

Que este vinho e este pão, Senhor
Que nos dás nesta hora, de fé
Seja um hino de esperança,
de união e de amor

Seja a nossa oração, meu Deus
A lembrança de Ti, na cruz
Seja nossa a paixão que sofreste Jesus

R:Seja a cruz como um sinal
Seja o guia seja a nossa voz
Seja Jesus Cristo o Redentor
Na vida de todos nós

Seja a cruz como um sinal
Que nos dá o Teu perdão
Livrai-nos Senhor da tentação
Livrai-nos de todo o mal

Que este vinho e este pão, Senhor
Que nos dás nesta hora, de fé
Sejam sempre oração, sejam hino
De louvor

Ninguém te ama como eu

Quanto esperei este momento
Quanto esperei que viesses a mim
Quanto esperei que me falasses
Quanto esperei que estivesses aqui

Sei bem o que tens vivido
Sei bem porque tens chorado
Sei bem o que tens sofrido
Sempre estive a teu lado

Ninguém te ama como eu (bis)
Olha para a cruz, é a minha maior prova
Ninguém te ama como eu
Ninguém te ama como eu (bis)
Foi por ti, só por ti, porque te amo
Ninguém te ama como eu

Só por Ti Jesus

Só por Ti Jesus, quero-me consumir
Como vela que queima no Altar
Consumir de amor

Só por Ti Jesus, quero-me derramar
Como rio se entrega ao mar
Derramar de amor

Recado

Aqui me Tens ajoelhado
Senhora aceita o meu recado
Que hoje deixo ao Filho Teu
Senhora leva tudo o que é meu (bis)

São alegrias e são tristezas
São os meus dias, toda a beleza
Que sempre encontro no meu viver
Senhora venho agradecer (bis)

Amor que sinto no Teu olhar
Calma que encontro em Teu escutar
Senhora aceita o meu recado
Senhora leva tudo o que é meu
Assim me encontro ajoelhado
Assim me dou ao Filho Teu.

Grão de trigo

R: Se o grão de trigo não morrer na terra
É impossível que nasça fruto
Aquele que dá a sua vida aos outros
Terá sempre o Senhor

Felizes seremos nós na pobreza
Se em nossas mãos houver
o amor de Deus
Se nos abrirmos à esperança
Se trabalharmos por fazer o bem
Felizes seremos nós na humildade
Se como crianças soubermos viver
A terra será a nossa herança
A nossa herança

Felizes seremos se partilharmos
Se o nosso tempo for para os irmãos
Para quem vive em grande tristeza
E para quem caminha na solidão
Felizes seremos se dermos amor
E houver sinceridade em nossas mãos
Poderemos olhar e ver a Deus
e ver a Deus

Ouve Senhor

Ouve Senhor,
eu já não sou uma criança
Ouve Senhor,
não tenho mais a inocência de então
Não é tão fácil para mim,
acreditar em tudo ser simples assim
A minha fé Senhor,
às vezes cai e o tempo passa,
sem a levantar
Que posso eu fazer, para Te agradar

Dias que não voltam nunca mais,
mas ainda é tempo de mudar, Ser como criança,
nunca duvidar de Ti Senhor Do Teu amor
Que posso eu fazer Diz Senhor

Ouve Senhor,
eu não entendo a maldade
Ouve Senhor,
há tanta falta de verdade e porquê
Já não bastou a cruz um dia
e toda a Tua agonia, para quê
Eu sei não foi em vão,
mas há momentos em que tudo
nos faz perguntar
Porquê a dor Senhor,
quando se pode amar

Mas um dia a vida vai mudar,
nisso não deixei de acreditar
Ser como criança,
cheia de esperança no olhar
Sem duvidar, Senhor quero assim, Confiar

Avé Maria, Estrela da manhã

Avé Maria, estrela da manhã
Tu que velaste esta noite por nós
Roga por nós, que começamos este dia
Roga por nós e por toda a nossa vida
Avé Maria

Ó Mãe bendita, dá-nos o Teu Filho
Que Tu trouxes-Te no Teu seio por nós
Nasceu por nós, p’ra nos libertar da morte
Morto por nós p’ra nos conduzir à vida
Avé Maria

Cheia de graça luz no caminho
Onde há a vida preparada p’ra nós
Pede por nós misericórdia ao Senhor
Pede por nós que nos dê a Sua paz, Ámen
Avé Maria

quarta-feira, abril 12, 2006

"Palavra do Dia", Hoje por apenas 30 moedas de prata!


Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25.

Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes
e disse-lhes: «Quanto me dareis, se eu vo-lo entregar?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E, a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?»
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de um certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; é em tua casa que quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.’»
Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, sentou-se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, disse: «Em verdade vos digo: Um de vós me há-de entregar.»
Profundamente entristecidos, começaram a perguntar-lhe, cada um por sua vez: «Porventura serei eu, Senhor?»
Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse me entregará.
O Filho do Homem segue o seu caminho, como está escrito acerca dele; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue. Seria melhor para esse homem não ter nascido!»
Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: «Porventura serei eu, Mestre?» «Tu o disseste» respondeu Jesus.

Da Bíblia Sagrada

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutor da Igreja, co-padroeira da Europa
Diálogo 37





O desespero de Judas


["Judas ficou cheio de remorsos...: trouxe de novo as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: 'Pequei ao entregar à morte um inocente.' Eles replicaram: 'Que nos interessa isso? O problema é teu.' Lançando então por terra as moedas de prata, ele retirou-se e foi enforcar-se." (Mt 27,3-5)
Deus dizia a Santa Catarina:] O pecado imperdoável, neste mundo e no outro, é o do homem que, desprezando a minha misericórdia, não quis ser perdoado. É por isso que o considero o mais grave, é por isso que o desespero de Judas me entristeceu mais e foi mais penoso a meu filho do que a sua traição. Os homens serão, pois, condenados por esse falso juizo que lhes faz acreditar que o seu pecado é maior do que a minha misericórdia... São condenados pela sua injustiça quando se lamentam sobre a sua sorte mais do que sobre a ofensa que me fizeram.
Porque é então que eles são injustos: não me entregam o que me pertence e não entregam a si mesmos o que lhes pertence. A mim é devido o amor, o arrependimento pelo seu pecado e a contrição; eles devem oferecer-me isso por causas das suas ofensas mas o que fazem é o contrário. Só têm amor e compaixão por si próprios pois não sabem senão lamentar-se pelos castigos que os esperam. Bem vês que cometem uma injustiça; é por isso que se descobrem duplamente punidos por terem desprezado a minha misericórdia.

Livro de Isaías 50,4-9.

«O Senhor DEUS ensinou-me o que devo dizer, para saber dar palavras de alento aos desanimados. Cada manhã desperta os meus ouvidos, para que eu aprenda como os discípulos.
O Senhor DEUS abriu-me os ouvidos, e eu não resisti, nem recusei.
Aos que me batiam apresentei as espáduas, e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me ultrajavam e cuspiam.
Mas o Senhor DEUS veio em meu auxílio; por isso não sentia os ultrajes. Endureci o meu rosto como uma pedra, pois sabia que não ficaria envergonhado.
O meu defensor está junto de mim. Quem ousará levantar-me um processo? Compareçamos juntos diante do juiz! Apresente-se quem tiver qualquer coisa contra mim.
O Senhor DEUS vem em meu auxílio; quem ousará condenar-me? Cairão todos esfrangalhados, como roupa velha, roída pela traça.»


Livro de Salmos 69(68),8-10.21-23.31.33-34.

Por causa de ti, tenho sofrido insultos, o meu rosto cobriu-se de vergonha.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.
O zelo da tua casa me consome; os insultos dos que te ultrajam caíram sobre mim.
O insulto despedaçou-me o coração, até desfalecer; esperei compaixão, mas foi em vão; alguém que me consolasse, mas não encontrei.
Deram-me fel, em vez de comida, e vinagre, quando tive sede.
Que os seus banquetes se transformem numa armadilha e numa cilada para os seus amigos.
Louvarei, com cânticos, o nome de Deus; hei-de glorificá-lo com acções de graças.
Que os humildes vejam isto e se alegrem, e os que buscam a Deus se encham de coragem,
Porque o SENHOR escuta os necessitados e não despreza o seu povo cativo.

terça-feira, abril 11, 2006

Palavra do Dia - "Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!"

«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco (...) Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.»

Quantas vezes O negamos... Depois de dizer que O queremos seguir.





Livro de Isaías 49,1-6.

«Ouvi-me, habitantes das ilhas, prestai atenção, povos de longe. Quando ainda estava no ventre materno, o SENHOR chamou-me, quando ainda estava no seio da minha mãe, pronunciou o meu nome.
Fez da minha palavra uma espada afiada, escondeu-me na concha da sua mão. Fez da minha mensagem uma seta penetrante, guardou-me na sua aljava.
Disse-me: «Israel, tu és o meu servo, em ti serei glorificado.»
Eu dizia a mim mesmo: «Em vão me cansei, em vento e em nada gastei as minhas forças.» Porém, o meu direito está nas mãos do SENHOR, e no meu Deus a minha recompensa.
E agora o SENHOR declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacob, e para lhe congregar Israel. Assim me honrou o SENHOR. O meu Deus tornou-se a minha força.
Disse-me: «Não basta que sejas meu servo, só para restaurares as tribos de Jacob, e reunires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra.»


Livro de Salmos 71(70),1-6.15.17.

Em ti, SENHOR, me refugio, jamais serei confundido.
Pela tua justiça, livra-me e protege-me; inclina para mim os teus ouvidos e salva-me.
Sê a minha protecção e o refúgio onde me acolho. Tu prometeste salvar-me, pois és o meu rochedo e a minha fortaleza.
Meu Deus, livra-me das mãos do ímpio, das mãos do opressor e do violento.
Tu és a minha esperança, ó Senhor DEUS, e a minha confiança desde a juventude.
Em ti me apoio desde o seio materno, desde o ventre materno és o meu protector; és o objecto contínuo do meu louvor.
minha boca proclamará a tua justiça, e todo o dia anunciarei a tua salvação, sabendo bem que ela é inenarrável.
Instruíste-me, ó Deus, desde a minha juventude e até hoje anunciei sempre as tuas maravilhas.


Evangelho segundo S. João 13,21-33.36-38.

Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar!»
Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia.
Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito.
Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia.
Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?»
Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.»
Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera.
Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: 'Compra o que precisamos para a Festa', ou que desse alguma coisa aos pobres.
Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite.
Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus.
E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.»
«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir', também agora o digo a vós.
Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.»
Disse-lhe Pedro: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti!»
Replicou Jesus: «Darias a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!»

Da Bíblia Sagrada


Comentário ao Evangelho do dia feito por :
S. Máximo de Turim (? - carca de 420), bispo
Sermão 76



"Antes de o galo cantar, ter-me-ás negado três vezes"


Voltando-se, o Senhor fixa o olhar em Pedro. E Pedro, tomando consciência do que acaba de dizer, arrepende-se e chora...: funde em lágrimas e permanece mudo... (Lc 22,61-61) Sim, as lágrimas são orações mudas; merecem o perdão sem o reclamar; obtêm misericórdia sem defender a sua causa... As palavras podem não conseguir exprimir uma oração, as lágrimas nunca; as lágrimas exprimem sempre o que sentinmos, ao passo que as palavras podem ser impotentes. Eis porque Pedro já não recorre às palavras: as palavras tinham-no levado as trair, a pecar, a renegar a sua fé. Prefere confessar o seu pecado com lágrimas, ele que com palavras tinha renegado...
Imitemo-lo, contudo, no que diz quando o Senhor lhe pergunta três vezes: "Simão, amas-me?" (Jo 21,17) Por três vezes responde: "Senhor, tu sabes que te amo". O Senhor diz-lhe então: "Apascenta as minhas ovelhas", e isso por três vezes. Esta palavra compensa o seu desvario precedente; aquele que tinha três vezes renegado o Senhor, três vezes o confessa; por três vezes se tinha tornado culpado, por três vezes obtém a graça pelo seu amor. Vede pois que benefício tirou Pedro das suas lágrimas!... Antes de derramar lágrimas, era um traidor; tendo derramado lágrimas, foi escolhido como pastor: aquele que se tinha portado mal recebeu o encargo de conduzir os outros.

domingo, abril 09, 2006

Última Semana da QUARESMA e Palavra do Dia 10 de Abril - Confia no SENHOR! Sê forte e corajoso, e confia no SENHOR!

OLÁ!

Começa hoje a última semana da quaresma...




6ª Semana - FÉ/ADESÃO



Epístola do apóstolo S. Paulo aos Filipenses ( 2,6-11 )

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Leitura espiritual

FÉ/ADESÃO “…Creio - aprendi-o de Ti - que o Amor é o único bem pelo qual vale a pena dar a vida e a única lição que interessa aprender. Só cá estamos para aprender a amar. A maior dívida que tenho na Terra é para com quem me amou e se deixou amar por mim. É uma dívida infinita, que só no Céu poderei saldar. No entanto, todo este amor não tem comparação com aquele que tenho recebido de Ti e que - como nenhum outro - me tem estimulado a ser livre e a seguir o meu próprio caminho. Gostaria de saber transmitir a quem não tem fé que a verdadeira fé de um crente é a fé que Deus tem nele. E que isto chega para transfigurar a vida de uma pessoa.”

(Excerto de “ O príncipe e a lavadeira” de Nuno Tovar de Lemos, s.j. pág.17)

Reflexão pessoal:

Jesus assume a condição humana.

Vive para os outros, para os homens seus irmãos. Vive para Deus Seu Pai.

Realiza assim os dois mandamentos maiores: amar a Deus, amar os irmãos!

A presença de Jesus, a Sua palavra, a Sua afeição para com os pecadores, os seus gestos de cura, a Sua bondade para com todos, o Seu sentido da humanidade e o Seu sentido de filho de Deus, são a forma concreta de nos mostrar que, a vida só vale a pena quando é uma vida dada!

Jesus vive o quotidiano do amor e, este jeito de viver, tem como consequência a entrega da Sua vida na cruz.

A cruz representa a fragilidade e a acessibilidade de um amor que se oferece sempre, até ao extremo de poder ser recusado.

Não é o sofrimento de Jesus que nos salva, mas o amor com que viveu esse sofrimento.

O que nos toca na paixão de Jesus é a força desse amor, que vai até à morte.

A fé nasce dum nosso encontro com o Senhor, ao sentirmo-nos amados por Ele.

A experiência deste amor é decisiva para a nossa vida:

-Faz-nos mudar

- Leva à conversão

- Reconcilia-nos com Deus

- Faz crescer a fé.

Porque se trata de uma experiência de amor, é fácil concluir que o nosso coração é o lugar privilegiado para este encontro com Deus.

A fé é por isso uma adesão pessoal, que fazemos livremente, quando descobrimos que o Amor habita todas as realidades, que o Amor é Vida em nós!

(Baseada em “Pensar e viver a Fé no terceiro Milénio” , Bernard Sesboué s. j.)



Maria Padrela

Palavra do dia 10 de Abril


Livro de Isaías 42,1-7.

«Eis o meu servo, que Eu amparo, o meu eleito, que Eu preferi. Fiz repousar sobre ele o meu espírito, para que leve às nações a verdadeira justiça.
Ele não gritará, não levantará a voz, não clamará nas ruas.
Não quebrará a cana rachada, não apagará a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a fidelidade a verdadeira justiça.
Não desanimará, nem desfalecerá, até estabelecer na terra o direito, as leis que os povos das ilhas esperam dele.
Eis o que diz o SENHOR Deus, que criou os céus e os estendeu, que consolidou a terra com a sua vegetação, que deu vida aos seus habitantes, e o alento aos que andam por ela.
Eu, o SENHOR, chamei-te por causa da justiça, segurei-te pela mão; formei-te e designei-te como aliança de um povo e luz das nações;
para abrires os olhos aos cegos, para tirares do cárcere os prisioneiros, e da prisão, os que vivem nas trevas.


Livro de Salmos 27(26),1-3.13-14.

SENHOR é minha luz e salvação: de quem terei medo? O SENHOR é o baluarte da minha vida: quem me assustará?
Quando os malvados avançam contra mim, para me devorar, são eles, meus opressores e inimigos, que resvalam e caem.
Ainda que um exército me cerque, o meu coração não temerá. Mesmo que me declarem a guerra, ainda assim terei confiança.
Creio, firmemente, vir a contemplar a bondade do SENHOR, na terra dos vivos.
Confia no SENHOR! Sê forte e corajoso, e confia no SENHOR!


Evangelho segundo S. João 12,1-11.

Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Ofereceram-lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa.
Então, Maria ungiu os pés de Jesus com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume.
Nessa altura disse um dos discípulos, Judas Iscariotes, aquele que havia de o entregar:
«Porque é que não se vendeu este perfume por trezentos denários, para os dar aos pobres?»
Ele, porém, disse isto, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa do dinheiro, tirava o que nela se deitava.
Então, Jesus disse: «Deixa que ela o tenha guardado para o dia da minha sepultura!
De facto, os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim não me tendes sempre.»
Um grande número de judeus, ao saber que Ele estava ali, vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Os sumos sacerdotes decidiram dar a morte também a Lázaro,
porque muitos judeus, por causa dele, os abandonavam e passavam a crer em Jesus.

Da Bíblia Sagrada


Comentário ao Evangelho do dia feito por :
S. Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja
10º sermão sobre o Cântico dos Cânticos




"A casa ficou cheia com o odor do perfume"


"O aroma dos teus perfumes é requintado", lê-se no Cântico dos Cânticos (1,3). Distingo ali várias espécies... Há o pefume da contrição, o da piedade; há também o da compaixão... Há, pois, um primeiro perfume que a alma compõe para seu próprio uso quando, apanhada pela rede de numerosas faltas, ela começa a reflectir sobre o seu próprio passado. Reune então, no cadinho da sua consciência, para os juntar e esmagar, os múltiplos pecados que cometeu; e, na fornalha do seu amor ardente, fá-los cozer no fogo da penitência e da dor... É com este perfume que a alma pecadora deve cobrir os inícios da sua conversão e ungir as chagas recentes; porque o primeiro sacrifício que se há-de oferecer a Deus é o de um coração arrependido. Enquanto a alma, pobre e miserável, não possuir com que compor um unguento mais precioso, não deve neglicenciar preparar aquele, ainda que o faça com vis matérias-primas. Deus não desprezará um coração que se humilha na contrição (Sl 50,19)...
Aliás, esse perfume invisível e espiritual não poderá parecer-nos ordinário, se compreendermos que ele é simbolizado pelo pefume que, segundo o Evangelho, a pecadora lançou sobre os pés do Senhor. Com efeito, lemos que "toda a casa ficou cheia daquele odor"... Lembremo-nos do perfume que invade toda a Igreja no momento da conversão de um único pecador; todo o penitente que se arrepende torna-se para uma multidão como que um odor de vida que a desperta para a vida. O aroma da penitência sobe até às moradas celestes uma vez que, segundo a Escritura, "o arrependimento de um só pecador é uma grande alegria para os anjos de Deus" (Lc 15,10).

sexta-feira, abril 07, 2006

Palavra do Dia - A Cristo Jesus deves toda a tua vida

Livro de Jeremias 20,10-13.

Ouvia invectivas da multidão: «Cerco de terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!» Os que eram meus amigos espiam agora os meus passos: «Se o enganarmos, triunfaremos dele, e dele nos vingaremos.» O Senhor, porém, está comigo, como poderoso guerreiro. Por isso, os meus perseguidores serão esmagados e cobertos de confusão, porque não hão-de prevalecer. A sua ignomínia nunca se apagará da memória. Mas Tu, Senhor do universo, examinas o justo, sondas os rins e os corações. Que eu possa contemplar a tua vingança contra eles, pois a ti confiei a minha causa! Cantai ao Senhor, glorificai o Senhor, porque salvou a vida do pobre da mão dos malvados.

Livro de Salmos 18,2-7.

Eu te amo, ó SENHOR, minha força.
SENHOR é a minha rocha, fortaleza e protecção; o meu Deus é o abrigo em que me refugio, o meu escudo, o meu baluarte de defesa.
Invoquei o SENHOR, que é digno de louvor, e fui salvo dos meus inimigos.
Cercaram-me as ondas da morte e as vagas destruidoras encheram-me de terror;
envolveram-me os laços do Abismo e lançaram-me as suas redes fatais.
Na minha angústia invoquei o SENHOR e gritei pelo meu Deus. Do seu santuário, Ele ouviu a minha voz; o meu clamor chegou aos seus ouvidos.


Evangelho segundo S. João 10,31-42.

Então, os judeus voltaram a pegar em pedras para o apedrejarem. Jesus replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.» Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses'? Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus e a Escritura não se pode pôr em dúvida a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: 'Tu blasfemas', por Eu ter dito: 'Sou Filho de Deus'? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.» Por isso procuravam de novo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos. Depois, Jesus voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde ao princípio João tinha estado a baptizar, e ali se demorou. Muitos vieram ter com Ele e comentavam: «Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste homem era verdade.» E muitos ali creram nele.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

S. Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja
Sermões diversos, n° 22




«Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?»


A Cristo Jesus deves toda a tua vida, uma vez que Ele deu a Sua vida pela tua e suportou amargos tormentos para que não suportes tormentos eternos... Quando tiveres reunido no teu coração todas as amarguras do teu Senhor, como tudo isso te parecerá doce!... Assim como os céus estão mais altos do que a terra (Is 55,9), assim a Sua vida está mais alta do que a nossa vida e, contudo, foi dada por ela. Assim como o nada não pode ser comparado a coisa alguma, assim a nossa vida não tem proporção com a dEle...
Quando lhe tiver consagrado tudo o que sou, tudo o que posso, isso será como uma estrela comparada com o sol, uma gota de água comparada com um rio, uma pedra com uma torre, um grão de areia com uma montanha. Não tenho mais que duas pequenas coisas, mesmo muito diminutas: o meu corpo e a minha alma, ou antes, uma única pequena coisa: a minha vontade. Não a darei Àquele que cumulou de tantos benefícios um ser tão pequeno como eu, Àquele que, entregando-se inteiramente, inteiramente me resgatou? De outra forma, se guardasse para mim a minha vontade, com que rosto, com que olhos, com que espírito, com que consciência iria refugiar-me junto do coração de misericórdia do nosso Deus? Ousaria penetrar nessa muralha fortíssima que guarda Israel e fazer correr, como preço do meu resgate, não algumas gotas mas as golfadas desse sangue que corre das cinco partes do seu corpo?

quinta-feira, abril 06, 2006

5ª Semana - Penitência


Queridos,

pois é, só faltam 10 dias para a Pascoa!

5ª Semana – PENITÊNCIA

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João (Jo 12, 20-33)

Naquele tempo, havia alguns gentios entre os que tinham subido a Jerusalém, para fazerem adoração durante a Festa. Foram ter com Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus.» Filipe foi dizê-lo a André, e Filipe e André foram, por sua vez, dizê-lo a Jesus. Então, Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Chegou a hora de o Filho do homem ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem tem amor à vida, perde-a, e quem detesta a sua vida neste mundo conservá-la-á para a Vida eterna. Se alguém estiver ao Meu serviço, que Me siga; e, onde Eu estiver, aí estará também o Meu servidor. Se alguém estiver ao Meu serviço, o Pai o honrará. Agora, a Minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora! Pai, glorifica o Teu nome.» Veio então do Céu uma voz: «Glorifiquei-O e tornarei a glorificá-Lo.» A multidão, que estava presente e ouvira, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou.» Jesus tomou a palavra e disse: «Não foi por Minha causa que esta voz se fez ouvir, foi por vossa causa. É agora o julgamento deste mundo. É agora que o Príncipe deste mundo vai ser lançado fora. E Eu, uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim.»

Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer

Leitura espiritual

Uma coisa é "penitência", uma outra "penitências"



Penitência é a abertura do coração ao amor. Acontece por dentro, no coração. Ninguém vê, só Deus, que vê no segredo. Vêem-se depois os frutos, nas nossas relações aumenta a fé, aumenta a esperança, aumenta o amor. Aumenta a nossa capacidade de entrega na vida do dia-a-dia. "Penitência" igual a "conversão", ou seja, uma versão melhorada de mim mesmo. Chamemos-lhe mesmo "conversão", para não haver confusões.

Outra coisa são as penitências. São exercícios exteriores de aquecimento que ajudam o coração a chegar à conversão.

Um exemplo pode ajudar:

……

Quando um cristão cometia um pecado grave (um homicídio, por exemplo, ou uma traição pública da sua fé) entrava no grupo dos penitentes e durante determinado período fazia exercícios de penitência: cobria a cabeça de cinza, vestia-se de saco, descuidava a higiene pessoal, fazia jejuns, etc. Continuava a participar sempre na oração da comunidade mas ficava num lugar próprio para os penitentes. Finalmente, cumprido o tempo assinalado, era solenemente readmitido na plena comunhão através da imposição das mãos, uma cerimónia que habitualmente tinha lugar na vigília pascal.



Podemos perguntar-nos: Não bastaria a este cristão simplesmente arrepender-se e desejar do fundo de si próprio nunca mais voltar a fazer o mesmo? Bastaria, é apenas isto que Deus quer, a conversão. Mas, de novo, não podemos ignorar o impacto que teria na vida deste homem este tempo de penitência. Tempo para pensar, tempo para se reorientar interiormente, tempo para chorar e para sarar as feridas que o pecado sempre deixa.

……

Na linguagem comum dizemos que fazemos uma penitência quando fazemos alguma coisa difícil ou que nos custa.
Em linguagem religiosa dizemos que fazemos uma penitência quando fazemos alguma coisa que nos ajuda a reorientar as nossas relações para o amor a Deus e aos outros, quer tenha sido difícil e custosa quer tenha sido fácil e agradável.

O essencial da penitência não é o custar-nos mas o mudar-nos. Às vezes, fazer coisas que nos custam obriga-nos a ir ao fundo de nós próprios e a mudar. É verdade. Mas isso é outra questão.

Há uma coisa que não podemos esquecer. Para nós cristãos, o sofrimento, por si só, não tem qualquer valor. Ninguém vai mais depressa para o Céu só porque aqui na Terra sofreu mais. Para nós a única coisa que em absoluto vale é o amor, a entrega de nós próprios a Deus, aos outros e à vida. Só o amor é redentor. Na cruz Cristo salva-nos não por ter sofrido muito mas por se ter dado todo, por ter amado muito. É verdade que a dor pode ser ocasião de um grande amor, de uma enorme entrega. E muitas vezes é. Mas ainda aí o que vale é sempre o amor.

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De facto a vida já traz por si muitas situações que são verdadeiras ocasiões de penitência, ou seja, oportunidades de exercício no amor, na entrega a Deus e aos outros. Um determinado aspecto da minha personalidade ou da minha sensibilidade, uma pessoa que precisa de ser escutada mas que é maçadora, a fidelidade ao casamento numa fase difícil da relação, o assumir até ao fim a missão que Deus confia a cada um, etc. Porque é sobretudo através da vida que Deus nos molda, as penitências que a vida nos traz quando a vivermos a sério são as formas mais básicas de penitência.



Excerto abreviado de O Sótão em O Príncipe e a Lavadeira de Nuno Tovar de Lemos, s.j.



Reflexão pessoal


Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto. Este é o sentido da penitência, a ideia de “perder” alguma coisa, para ganhar ou dar a ganhar algo de muito maior e mais profundo que é a nossa vida em Deus. O que importa não comer chocolates, não fumar, etc., se isso não tiver um sentido, se não for um exercício de liberdade interior e de maior ligação ao que é essencial? Este tipo de atitudes só interessam quando nos aproximam dos outros, nos tornam mais disponíveis, menos centrados em nós próprios. Então somos como o grão de trigo que morre para dar fruto…

Quando falhamos, quando ofendemos alguém e estamos em falta, queremos reparar, mostrar que nos enganámos, compensar o mal que fizemos. Também gostamos de fazer isto com Deus e então sentimos a necessidade de fazer penitência como forma de pedir perdão. Mas Deus não quer que nos mortifiquemos sem sentido. Deus quer a nossa adesão total ao Seu amor. Por isso a penitência tem que ser movida pelo amor, pela vontade de mudar, de deixar para trás o homem velho, tem de ser um exercício para sermos o homem novo, convertido pelo amor.

Não nos enganemos a nós próprios com penitências exteriores, porque a verdadeira penitência só faz sentido quando parte do meu desejo de ser melhor por dentro, do desejo de me deixar moldar por Deus e de me pôr ao serviço dos outros.


Se a penitência é um exercício que “nos ajuda a reorientar as nossas relações para o amor a Deus e aos outros”, então qual será a minha forma de penitência?

Que exercício prático e concreto neste momento me ajudaria a voltar-me mais decididamente para Deus e para os outros?

Em que é que tenho que “morrer” para dar fruto, tal como o grão de trigo?



BOA QUARESMA!!!

BEIJINHOS

Maria Padrela

Palavra do Dia - "Abraão viu o meu dia."

Livro de Génesis 17,3-9.

Abrão prostrou-se com o rosto por terra e Deus disse-lhe: «A aliança que faço contigo é esta: serás pai de inúmeros povos. Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos. Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei que de ti nasçam povos e terás reis por descendentes. Estabeleço a minha aliança contigo e com a tua posteridade, de geração em geração; será uma aliança perpétua, em virtude da qual Eu serei o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei, a ti e à tua descendência depois de ti, o país em que resides como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei Deus para eles.» Deus disse a Abraão: «Da tua parte, cumprirás a minha aliança, tu e a tua descendência, nas futuras gerações.

Livro de Salmos 105,4-9.

Recorrei ao SENHOR e ao seu poder e buscai sempre a sua face.
Recordai as maravilhas que Ele fez, os seus prodígios e as sentenças da sua boca,
vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu escolhido.
Ele é o SENHOR, nosso Deus, e governa sobre a terra!
Ele recordará sempre a sua aliança, a promessa que jurou manter por mil gerações,
pacto que fez com Abraão e aquele juramento que fez a Isaac.


Evangelho segundo S. João 8,51-59.

Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá.» Disseram-lhe, então, os judeus: «Agora é que estamos certos de que tens demónio! Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: 'Se alguém observar a minha palavra, nunca experimentará a morte'? Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas morreram também! Afinal, quem é que Tu pretendes ser?» Jesus respondeu: «Se Eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória nada valerá. Quem me glorifica é o meu Pai, de quem dizeis: 'É o nosso Deus'; e, no entanto, não o conheceis. Eu é que o conheço; se dissesse que não o conhecia, seria como vós: um mentiroso. Mas Eu conheço-o e observo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz.» Disseram-lhe, então, os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!» Então, agarraram em pedras para lhe atirarem. Mas Jesus escondeu-se e saiu do templo.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Abrósio (cerca de 340-397), bispo de Milão e doutor da Igrela
Sobre Abraão




"Abraão viu o meu dia."


"Deus disse a Abraão: Toma o teu filho bem-amado, esse Isaac que acarinhaste; parte para a montanha e lá mo oferecerás em holocausto" (Gn 22,2). Isaac prefigura Cristo que vai sofrer: vem sobre uma burra... Quando o Senhor veio sofrer por nós na sua Paixão, soltou o jumento de junto da burra e sentou-se nela... Abraão disse aos servos: "Já voltaremos para junto de vós"; sem que ele o soubesse, isto era uma profecia... Isaac carregou a lenha e Cristo levou a própria cruz. Abraão acompanhava o seu filho; o Pai acompanhava Cristo. Na verdade, ele diz: "Deixar-me-eis só, mas eu não estou só; o Pai está comigo" (Jo 16,32). Isaac diz a seu pai...: "Está aqui a lenha, onde está o cordeiro para o holocausto?" São palavras proféticas, mas ele não o sabe; com efeito, o Senhor preparava um Cordeiro para o sacrifício. Também Abraão profetizou ao responder: "Deus proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho"...
"O anjo diz: 'Abraão, Abraão!... Não ergas a mão sobre o menino, não lhe faças mal; porque agora sei que temes a Deus, tu que não poupaste o teu filho bem-amado por minha causa' (cf. Rm 8,32)... Abraão levantou os olhos e viu: estava ali um carneiro suspenso pelos cornos num arbusto." Porquê um carneiro? É o que tem mais valor em todo o rebanho. Porquê suspenso? Para te mostar que não era uma vítima terrestre... O nosso corno, a nossa força, é Cristo (Lc 1,69), que é superior a todos os homens, tal como lemos: "És o mais belo dos filhos dos homens" (Sl 44,3). Só ele foi erguido da terra e exaltado, como no-lo ensina com estas palavras: "Eu não sou deste mundo; sou do alto" (Jo 8,23) Abraão viu-o neste sacrifício, apercebeu-se da sua Paixão. É por isso que o Senhor diz dele: "Abraão viu o meu dia e rejubilou". Ele apareceu a Abraão, revelando-lhe que o seu corpo sofreria a paixão pela qual resgatou o mundo. Indica mesmo o tipo de Paixão ao mostrar o carneiro suspenso; aquele arbusto é o braço da sua cruz. Erguido sobre esse madeiro, o guia incomparável do rebanho tudo atraíu a si, para por todos ser conhecido.