terça-feira, janeiro 03, 2006

Evangelho do dia

Iniquidade

“Não cometas o erro de confundir o mal com o maligno, a quem, mais corretamente, chamaremos de iníquo. Aquele a quem tu chamas de maligno é filho do amor-próprio, é o alto administrador que deliberadamente entrou em rebelião consciente contra o governo do meu Pai e dos seus Filhos leais. Mas eu já triunfei sobre esses rebeldes pecadores. Que fiquem claras na tua mente essas atitudes diferentes para com o Pai e o seu universo. Nunca te esqueças dessas leis de relação com a vontade do Pai:

“O mal é a transgressão inconsciente ou não intencional da lei divina, a vontade do Pai. O mal é, do mesmo modo, a medida da imperfeição da obediência à vontade do Pai.

“O pecado é a transgressão consciente, consabida e deliberada da lei divina, a vontade do Pai. O pecado é a medida da falta de vontade de ser-se conduzido divinamente e dirigido espiritualmente.

“A iniquidade é a transgressão voluntária, determinada e persistente da lei divina, a vontade do Pai. A iniquidade é a medida da rejeição continuada do plano de amor do Pai para a sobrevivência da personalidade e da ministração misericordiosa de salvação do Filho.




1ª Carta de S. João 2,29.3,1-6.

Se sabeis que Ele é justo, sabei também que todo aquele que pratica a justiça nasceu dele. Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e, realmente, o somos! É por isso que o mundo não nos conhece, uma vez que o não conheceu a Ele. Caríssimos, agora já somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos é que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é. Todo o que tem esta esperança em Deus, torna-se puro, como Ele, que é puro. Todo o que comete o pecado comete a iniquidade, pois o pecado é, de facto, a iniquidade. E bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não há pecado. Todo aquele que permanece em Deus não se entrega ao pecado; e todo aquele que se entrega ao pecado não o viu nem o conheceu.

Livro de Salmos 98,1.3-6.
Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque Ele fez maravilhas! A sua mão direita e o seu santo braço lhe deram a vitória.
Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade em favor da casa de Israel. Todos os confins da terra presenciaram o triunfo libertador do nosso Deus.
Aclamai o SENHOR, terra inteira, exultai de alegria e cantai.
Cantai hinos ao SENHOR, ao som da harpa, ao som da harpa e da lira;
ao som de cornetins e trombetas, aclamai o nosso rei e SENHOR.


Evangelho segundo S. João 1,29-34.

No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É aquele de quem eu disse: 'Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.' Eu não o conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.» E João testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. E eu não o conhecia, mas quem me enviou a baptizar com água é que me disse: 'Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que baptiza com o Espírito Santo'. Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é o Filho de Deus.»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

S. João Crisóstomo (cerca de 345 - 407),
bispo de Antioquia e depois de Constantinopla, doutor da Igreja
Comentário sobre S. Joaõ


"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"


"Eis o Cordeiro de Deus!", diz João Baptista. Jesus Cristo não fala; é João quem diz tudo. O Esposo costuma agir assim; começa por não dizer nada à Esposa mas apresenta-se e fica em silêncio. Outros o anunciam e lhe apresentam a Esposa; quando ela aparece, o Esposo não a toma ele mesmo mas recebe-a das mãos de outro. Depois de assim a ter recebido de outro, prende-se a ela com tanta força que ela já nem se lembra daqueles que deixou para o seguir.
É o que se passa com Jesus Cristo. Veio para desposar a Igreja; ele mesmo nada disse, apenas se apresentou. Foi João, o amigo do Esposo, que pôs na sua mão a mão da Esposa - por outras palavras, o coração dos homens que ele tinha convencido com a sua pregação. Então, Jesus recebeu-os e cumulou-os com tantos bens que eles já não voltaram a quem os tinha trazido... Só João, o amigo do Esposo, esteve presente naquelas núpcias. Nessa altura, foi ele quem tudo fez; lançando os olhos sobre Jesus que se aproximava, disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Mostrava assim que não era só pela voz mas com os olhos que dava testemunho de Esposo. Admirava Cristo e, ao contemplá-lo, o coração estremecia-lhe de alegria. Já não prega, apenas o admira ali presente e dá a conhecer o dom que Jesus veio trazer. E ensina a prepararmo-nos para o receber. "Eis o Cordeiro de Deus!" É ele, diz, quem tira o pecado do mundo. Fá-lo sem cessar; oferece uma só vez o seu sacrifício pelos pecados do mundo e este sacrifício tem um efeito perpétuo.