quarta-feira, janeiro 04, 2006

Evangelho do dia


1ª Carta de S. João
3,7-10.

Filhinhos meus, que ninguém vos engane. Quem pratica a justiça é justo, como Ele, que é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde a origem. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque um germe divino permanece nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus. Nisto é que se distinguem os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão.


Livro de Salmos
98,1.7-9.

Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque Ele fez maravilhas! A sua mão direita e o seu santo braço lhe deram a vitória.
Ressoe o mar e tudo o que ele contém, o mundo inteiro e os que nele habitam.
Batam palmas os rios, e as montanhas, em coro, gritem de alegria
diante do SENHOR, que vem julgar a terra. Ele governará o mundo com justiça e os povos com rectidão.


Evangelho segundo S. João 1,35-42.

No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus!» Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi que quer dizer Mestre onde moras?» Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Eram as quatro da tarde. André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o Messias!» que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas» que significa Pedra.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Rupert de Deutz (v.1075-1130), monge beneditino
Homilia sobre S. João
"Pondo o olhar em Jesus que passava"


“João estava de pé, com dois dos seus discípulos, quando Jesus ia a passar”. Trata-se, com efeito, de uma atitude corporal mas que traduz alguma coisa da missão de João, da veemência da sua palavra e da sua acção. Mas, segundo o evangelista, trata-se ainda mais profundamente daquela tensão viva, sempre em suspenso no profeta. João não se contentava com cumprir exteriormente o seu papel de precursor; guardava sempre vivo no seu coração o desejo do Senhor que ele tinha reconhecido no baptismo… Sem dúvida alguma, João vivia totalmente uma tensão para com Nosso Senhor. Desejava revê-lo, porque ver Jesus era a salvação para quem o confessava, a glória para quem o anunciava, a alegria para quem o revelava. João estava pois ali, de pé, erguido com todo o ardor do seu coração; estava hirto; esperava o Cristo ainda oculto pela sombra da sua humildade…
Com João, estavam dois dos seus discípulos, de pé como o mestre, primícias desse povo preparado pelo precursor, certamente que não para si mas para o Senhor. Vendo Jesus que passava, João diz: “Eis o Cordeiro de Deus!” Notem os termos precisos desta narrativa: à primeira vista tudo é claro mas, para quem penetra o sentido profundo, tudo é denso de mistério. “Jesus passava”… Que quer isto dizer senão que o Filho de Deus veio partilhar a nossa natureza de homem que passa, que muda? Ele, que os homens não conheciam, faz-se conhecer e amar passando no meio de nós. Veio no seio da Virgem. Depois, passou do seio da Mãe para o presépio e do presépio para a cruz, da cruz para o túmulo; do túmulo subiu ao céu… Também o nosso coração, se aprender a desejar Cristo como João, reconhecerá Jesus que passa, se se puser a segui-lo, chegará como os discípulos ao lugar onde Jesus habita – no Mistério da sua Divindade.