quinta-feira, março 16, 2006

Palavra do Dia - Feliz o homem que se compadece e empresta, ...que dá aos pobres; a sua justiça permanecerá para sempre

Livro de Jeremias 17,5-10.

Isto diz o Senhor: Maldito aquele que confia no homem e conta somente com a força humana, afastando o seu coração do Senhor. Assemelha-se ao cardo do deserto; mesmo que lhe venha algum bem, não o sente, pois habita na secura do deserto, numa terra salobra, onde ninguém mora. Bendito o homem que confia no Senhor, que tem no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, e a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano e não deixará de dar fruto. Nada mais enganador que o coração, tantas vezes perverso: quem o pode conhecer? Eu, o Senhor, penetro os corações e sondo as entranhas, a fim de recompensar cada um pela sua conduta e pelos frutos das suas acções.

Livro de Salmos 1,1-4.6.

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem toma parte na reunião dos libertinos;
antes põe o seu enlevo na lei do SENHOR e nela medita dia e noite.
como a árvore plantada à beira da água corrente: dá fruto na estação própria e a sua folhagem não murcha; em tudo o que faz é bem sucedido.
Mas os ímpios não são assim! São como a palha que o vento leva.
SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.



Evangelho segundo S. Lucas 16,19-31.

«Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.' Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão pouco vir daí para junto de nós.' O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.' Disse lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!' Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.' Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'»

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

S. Basílio (cerca de 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja
Homilia 6 contra a riqueza



"Feliz o homem que se compadece e empresta, ...que dá aos pobres; a sua justiça permanecerá para sempre" (Sl 111)


Que responderás ao juiz soberano, tu que revestes as tuas paredes e não vestes o teu semelhante? tu que enfeitas os teus cabelos e não tens sequer um olhar para o teu irmão na sua aflição?... tu que escondes o teu ouro e não vens em socorro do oprimido?...
Diz-me: o que é que te pertence? de quem é que recebeste tudo o que levas através desta vida?... Não saiste nu do seio da tua mãe? Não regressarás à terra igualmente nu? (Jb 1,21) Os bens presentes, de quem os obtiveste? Se responderes: "do acaso", és um ímpio que recusa conhecer o seu criador e agradecer ao seu benfeitor. Se concordas que foi de Deus, diz-me então por que razão os recebeste.
Seria Deus injusto ao repartir de forma desigual os bens necessários à vida? Porque é que vives na abundância e aquele na miséria? Não é apenas para que, um dia, pela tua bondade e gestão desinteressada, recebas a recompensa, quando o pobre receber a coroa prometida à paciência?... Ao faminto pertence o pão que tu guardas; ao homem nu o manto que escondes no teu armário... Desse modo, cometes tantas injustiças quantas são as pessoas que poderias ajudar.