terça-feira, setembro 19, 2006

Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela

1ª Carta aos Coríntios 12,12-14.27-31.

Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro. E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros.


Evangelho segundo S. Lucas 7,11-17.

Em seguida, dirigiu-se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.» Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!» O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe. O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!» E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.

Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Ambrósio (cerca de 340 - 397), bispo de Milão e doutor da Igreja
Sobre o Evangelho de S. Lucas, V


O choro de uma mãe
A divina misericórdia deixa-se dobrar facilmente aos gemidos desta mãe. Ela é viúva; os sofrimentos ou a morte do seu filho único esmagaram-na... Parece-me que esta viúva, rodeada pela multidão do povo, é mais do que uma simples mulher que merece pelas suas lágrimas a ressurreição de um filho, jovem e único. É a própria imagem da Santa Igreja que, com as suas lágrimas, em pleno cortejo fúnebre e mesmo junto ao túmulo, obtém a graça de trazer de volta à vida o jovem povo deste mundo...
Porque à palavra de Deus os mortos ressuscitam, reencontram a voz, tal como a mãe reencontra o seu filho: ele foi chamado da tumba, foi arrancado ao sepulcro. Que é esta tumba para vós, senão a vossa má conduta? O vosso túmulo é a falta de fé... Desse sepulcro, é Cristo quem vos liberta; saireis do sepulcro se escutardes a palavra de Deus. E, se o vosso pecado for grave demais para que as lágrimas da vossa penitência o possam lavar, que intervenha em vosso favor o choro da vossa mãe Igreja... Ela intercede por cada um dos seus filhos, como por tantos outros filhos únicos. Com efeito, ela está cheia de compaixão e experimenta uma dor espiritual de mãe quando vê os seus filhos arrastados pelo pecado para a morte.